Um poema de Maria Carpi, de seu recente livro
Perdão imperdoável
Perdão imperdoável
Não são os acasos
que retardam a morte.
A morte enrola os lençóis,
apaga as velas, dá uma volta
no leito, uma volta na casa,
uma volta no quarteirão
e aguarda que a boca profira
a palavra do perdão.
A resistência amorna
as intempéries e apazigua
o sol na boca. Há que
se perdoar a injúria
e muito mais a inocência
que ofereceu o rosto
à injúria. Há que se perdoar
o amigo que nos traiu
e muito mais o amigo
que nos salvou. E um
perdão excessivo ao amor
desmedido. E invocar
a proteção da milícia celeste,
cobrir-se de rosas e espinhos,
pois amar demais escapa
a tolerância do perdão humano.
Maria Carpi
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