quarta-feira, 26 de novembro de 2014

CANTIGAS DE AMIGOS


Um poema de Maria Carpi, de seu recente livro 

Perdão imperdoável



Perdão imperdoável

Não são os acasos
que retardam a morte.
A morte enrola os lençóis,
apaga as velas, dá uma volta


no leito, uma volta na casa,
uma volta no quarteirão
e aguarda que a  boca profira
a palavra do perdão.

A resistência amorna
as intempéries e apazigua
o sol na boca. Há que
se perdoar a injúria

e muito mais a inocência
que ofereceu o rosto
à injúria. Há que se perdoar
o amigo que nos traiu

e muito mais o amigo
que nos salvou. E um
perdão excessivo ao amor
desmedido. E invocar

a proteção da milícia celeste,
cobrir-se de rosas e espinhos,
pois amar demais escapa
a tolerância do perdão humano.


Maria Carpi

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