Em
18 de abril de 1882, nascia Monteiro Lobato, o fundador da Literatura para
Crianças e criador do Sítio do Picapau
Amarelo.
O Sítio do Picapau Amarelo é um lugar peculiar, compreendido como tal,
por crianças de várias épocas, que ainda se deliciam com as efabulações
lobatianas. Nesse território, em que se transcorre a maior parte das peripécias
das personagens, as vivências se desenvolvem por meio da diversão, pois a
inserção do aspecto lúdico é uma das premissas fundamentais de todo o trabalho
literário do escritor.
À primeira vista, o Sítio se
parece com qualquer outro: está instalado na zona rural, dentro de alguns
alqueires de terra, onde há uma graciosa casinha branca, cercada pelo pomar,
com seu riacho e animais. À sua volta, encontram-se fazendolas e uma pequena
venda de provisões e utilidades domésticas, dessas que oferecem todo tipo de
produto de que necessitam os sitiantes.
As figuras singulares, de existência ilusória que habitam esse lugar,
não estão circunscritas a essa área física, pois transformado em múltiplos
cenários, o Sítio permite a expansão
para viagens no tempo e no espaço, propiciando o contato de seus moradores com
seres dos contos de fadas, das fábulas, das mitologias e até do cinema mundial.
Pedrinho e Narizinho contam com a presença marcante da avó, Dona Benta,
pessoa confiante que lhes favorece a realização de insólitas aventuras tais
como: passear na Grécia ou na Lua; montar um curso de matemática no pomar ou
deslocar-se para o País da Gramática.
A própria dinâmica e o funcionamento
das relações dentro desse ambiente utópico propiciam maior liberdade de
expressão às personagens. Se assim não fosse, os meninos e os bonecos Emília e
o Visconde não poderiam usufruir de experiências em que são livres para
confrontar seus sentimentos e pensamentos, compartilhando-os com outros seres os
com quais se deparam em suas jornadas.
Se considerarmos o Sítio como a sede do ‘Saber”, onde se
discutem distintos problemas, utilizando-se o plesbicito como forma democrática
para resolução de impasses, onde todos juntos enfrentam contratempos e a
própria sobrevivência depende da criatividade e da adaptação a novas
realidades, é preciso reconhecer que os picapauzinhos são realmente dotados de
atributos não encontrados em personagens de outros textos para crianças.
Lobato construiu suas propostas literárias
ancorado no Sítio do Picapau Amarelo,
identificado por alguns estudiosos como uma escola paralela, já que o autor não
concordava com o sistema do ensino tradicional das primeiras décadas do século
XX. Para outros analistas, o Sítio é
uma metáfora do Brasil, que de país agrário passou a ser autosustentável depois
da descoberta do petróleo em seu quintal.
Independente das inúmeras significações
atribuídas ao Sítio, o fato é que
esse lugar permanece como um dos mais ambicionados para visitação, por milhares
de leitores brasileiros e estrangeiros, que mantêm contato com as obras de
Lobato.
Graças à sua engenhosidade, os
acontecimentos que se desenrolam nesse espaço ficcional são únicos, provocando
no público leitor a vontade de participar, como coadjuvante, das inúmeras
encenações idealizadas pelo escritor.
Áurea
Laguna
Especialista
em Monteiro Lobato
Membro
da UBE – União Brasileira de Escritores
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