quarta-feira, 2 de setembro de 2015

CANTIGAS DE AMIGOS


O poema abaixo é de Alfredo Rossetti, e consta de seu livro tempo do meu tempo.


OLHARES MORTOS

Ontem no velório rostos do passado
              choravam a morte.
              Eu chorava a vida.
Eu chorava pelos rostos cindidos
         e ações não governadas.
Eu chorava pelos olhares que me viam
                        e não me viam
         eu chorava pelo que viam.



De um lado a morte incontestável
                    como a fé,
de outro o do rosto do passado que
                  sempre viam.

Ontem no velório percebi que morremos
                     várias vezes
           e senti que chorava uma delas.

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