quarta-feira, 30 de novembro de 2016

CANTIGAS DE AMIGOS

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

(Cássio Vasconcelos*)

"Saudade de mim
Saudade doida de mim
Daquilo que um dia senti
Daquilo que um dia 'sofri'
Dos sonhos que sonhei
Da certeza que tinha
De que tudo venceria
De que algum dia feliz seria
Saudade daquela saudade ingênua
Cheia de emoção, esperança
Saudade repleta de paixão
De que um dia me reencontraria
Naquele mesmo velho turbilhão
Que sempre ocultava o que viria
Saudade de mim
Saudade doida de mim
Daquilo que um dia perdi
Daquilo que um dia fugi
Não desta saudade morna, amena
Pálida, sem graça
Que já não se alegra com nada
Saudade desiludida
Que raro se faz ouvir
Largada num canto
Desencantada de mim
Saudade presente da 'sabedoria'
Conta as horas para a despedida
Das 'dores' que construíram uma vida
Saudade de mim
Saudade doida de mim
Daquilo que já esqueci

Daquilo que não vivi"

* Cássio Vasconcelos é jornalista e poeta.

Um comentário:

  1. Saudade, enfim, a gente sente porque a presença daquela coisa está ainda viva dentro do peito, no corpo emocional que a gente é. O poema brota da força dessa vida, a boa leitura vai ao encontro dessa vida. Depois de escrever ou ler o poema, podemos acolher a pura emoção dessa presença, observar como ela vive, deixar que ela respire e se mova um pouco, ou muito, podemos conversar com ela, dizendo silenciosamente nossos sentimentos, escutando o que essa presença - por si mesma - tem a nos dizer.
    O poema do Cássio transmite a intensidade dessa presença: ela é de cores fortes que não se confundem com impressões pálidas, ela é quente e não morna, potente em sua "graça", encantadora em sua força que não aceita ficar pelos cantos, vibrante nas dores, sonhos, propósitos que não aceitam ser esquecidos.

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