domingo, 23 de julho de 2017

RODA DE LEITURA

Estamos quase concluindo o período de comentários ao livro "Quarenta dias", de Maria Valéria Rezende, no grupo RODA DE LEITURA, que Menalton mantém no Facebook. Os que quiserem participar podem pedir adesão ao grupo.

O comentário a seguir é de Vera Lúcia Pereira dos Santos.

Quarenta dias

O romance "Quarenta Dias", de Maria Valéria Rezende, acompanha a paraibana Alice, professora na faixa dos 50 anos, que, após muita insistência, se vê praticamente obrigada a trocar João Pessoa por Porto Alegre para ajudar a filha – professora universitária casada com um gaúcho – nos planos de uma futura gravidez. É do estranhamento de Alice com Porto Alegre, uma cidade de costumes e gentes diversos, nos quais outros nordestinos como a protagonista parecem sempre relegados à periferia e a funções subalternas, que Maria Valéria tece sua história. No inicio, estranhei a passividade da personagem. Não tem coragem de externar sua opinião quando a filha, professora universitária casada com um gaúcho, propõe sua mudança para Porto Alegre para servir de babá do futuro neto. Afinal Alice é uma professora com vivência suficiente para não aceitar decisões que a violentam. Realiza seu percurso movida por inconsistentes sugestões de pessoas com que se relaciona ocasionalmente.

Numa busca sem fim, fugindo de si própria, revive sua trajetória por meio de uma interlocução com a estampa de Barbie num caderno que serve de diário.

Ao chegar a Porto Alegre, surta. São quarenta dias na rua. Uma aventura pelas ruas de Porto Alegre a pretexto de encontrar Cícero Araújo, filho desaparecido de uma conterrânea. O nome da personagem,
o lugar desconhecido e estranho sugere alguma intertextualidade com o livro" Alice no país das Maravilhas". Em vez de “país das Maravilhas”, defronta-se com o “o país das mazelas dos porto-alegrenses”, a periferia onde habitam os nordestinos e os desvalidos de toda espécie, revelando o contraste de classes e o preconceito que a cidade tenta camuflar.

A leitura flui facilmente, pois o nível da história prevalece sobre o nível do discurso.

Quarenta dias, referência bíblica, remete à quaresma. Ao final desse período de sofrimento, ocorreria a ressureição, o encontro consigo mesma, a renovação por meio do desabafo ao escrever seu diálogo direto com um interlocutor ficcional – ‘catarsis.’

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