quarta-feira, 9 de agosto de 2017

CANTIGAS DE AMIGOS

TERRA MINHA
(Rita Mourão)

Este meu jeito de engaiolar lembranças                
é  para guardar um punhado da terra em que nasci.
É a maneira de reduzir meu isolamento rodeado de distâncias.
Todas as manhãs meus ouvidos varam os confins do passado
e ouvem um passaredo barulhando  dentro de mim.
Aí, eu me encanto com o encantamento que tem gosto de barulhar.
Coisas de alumbramento, renovo de poeta para encurtar lonjuras.
Lá o amanhecer põe glórias nos horizontes
que do lado de cá, só enxergo no pensar.
Ali também ficou meu despropósito de corça
correndo lampeira, relvada de capim gordura,
desapegada  de medos e futuros.
Os medos acordaram e até botaram trancas em meus sonhos.
Perdi o gosto de gostar.
Gostar é correr livre, ser rio descompromissado
derramando  levezas sobre o corpo da terra amante.
Isso já não sou. Hoje quem me relva é a saudade.
Saudade de você terra minha, berço de renomados estadistas
JK, Tancredo e tantos outros que não tiveram medo de se exercer.
Oh, Minas Gerais, quem nasce em suas paisagens assina contrato de fidelidade,
carrega no peito seus aconselhamentos e a bravura dos seus heróis.
Boa terra, sou cria do seu sertão.
O seu chão me fez árvore, me enraizou e os pássaros ainda em mim gorjeiam.

Mas a distância me corrói e me soma para menos.

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