terça-feira, 5 de setembro de 2017

ESPIANDO POR DENTRO

Esta coluna reúne análises de obras literárias preparadas por Menalton Braff e publicadas originalmente em seu site.

Livro Analisado: O Ateneu 
Autor: Raul Pompéia

A Obra 

O Ateneu, segundo alguns críticos, é o mais inteligente romance brasileiro. É a história da educação sexual e intelectual de Sérgio no Ateneu, internato do Professor Aristarco. Romance dividido em doze capítulos apenas numerados. Sérgio, narrador-personagem (foco narrativo em 1a. pessoa) é mandado para o internato para estudar. Envolve-se com Ema, a esposa do diretor, prof. Aristarco, a quem odeia. (Aristarco = aristocrata + monarca = governo dos melhores - elite da época).

Ao lado da narrativa em que avultam os conflitos do menino, mostra-se o cenário de decadência do último império. Aristarco é o símbolo do autoritarismo (imperador do Brasil, o Dr. Antônio seu pai, etc) Protegido de Sanches, amigo maior e mais velho, não tem coragem de romper com o cerco de sedução sexual sugerido pelas atitudes ambíguas do
amigo. Naturalista dissidente:
* descrições de Ângela
* tensão homossexual entre Sérgio e Sanches
* feição animal dos meninos em suas agressões
* trabalho com reminiscências verdadeiramente freudiano.Principal influência: Flaubert

O Ateneu é a sociedade microscópica que deve ser destruída. O Império, para o republicano e anti-escravista Raul Pompéia O incendiário, Américo, é a personificação do instinto bruto capaz de v encer a força repressora de Aristarco(Dr. Antônio). A superação do édipo existente em Sérgio, se dá na recusa de amar Ema (projeção de sua própria mãe). Segundo Alfredo Bosi, existem, em O Ateneu, traços:
* impressionistas - plasticidade de alguns retratos e ambientações;
* expressionistas - gosto do mórbido e do grotesco com que deforma o mundo de Sérgio; "As mangueiras, como intermináveis serpentes, insinuavam-se pelo chão." "As crianças (...), seguindo em grupos atropelados, como carneiros para a matança." A norma é o caricato.
* realistas - análise psicológica; ou psicanalítica; darwinismo.
* naturalistas - os aleijões morais

O autor

Raul Pompéia (1863-1894) - Angra dos Reis e Rio de Janeiro. Filho de família rica e tradicional, estudou nas melhores escolas do Rio de Janeiro, iniciou o curso de Direito na São Francisco e o terminou na Faculdade de Direito de Recife. Espírito apaixonado e exaltado, participou dos principais acontecimentos políticos de sua época, tendo, por isso, sofrido muitas perseguições, inclusive de antigos colegas, como foi o caso de Olavo Bilac, um governista contumaz. Dedicou-se, principalmente, ao jornalismo, em que sua escritura mostrava-se fluente, mas com estilo literário. Publicou romances, contos, poesia e crônicas. Sensível e nervoso, aos trinta e um anos de idade, caluniado, injuriado e desonrado, comete suicídio. Seu último texto é um bilhete ao jornal onde fora acusado dizendo apenas que era um homem honrado. Suas principais obras são: - Uma tragédia no Amazonas (romance) - Microscópios (contos) - As joias da coroa (romance) - O Ateneu (romance) - Agonia (romance) - Canções sem Metro (poesia) - Alma Morta (artigos) - Prosas esparsas (crônicas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças