terça-feira, 14 de novembro de 2017

MENALTON NO SITE DA FUNAP


Reeducandos do CPP de Jardinópolis participam de debate com Menalton Braff

Escritor e vencedor de Prêmio Jabuti de Literatura conversou sobre obra, processo criativo e educação

Oito reeducandos do Centro de Progressão Penitenciária de Jardinópolis participaram de uma roda de entrevista com o premiado escritor Menalton Braff no último dia 1º. O encontro foi desenvolvido em homenagem ao Dia Nacional do Livro e para debater a obra do autor, "Que enchente me carrega", título do mês no Clube de Leitura da unidade.

O projeto de Clubes de Leitura é uma ação da Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" - Funap, instituição vinculada à Secretaria da Administração Penitenciária. É uma atividade inclusa na grade do Programa de Educação para o Trabalho e Cidadania - "De Olho no Futuro", que aplica práticas para o desenvolvimento de competências e habilidades dos
reeducandos. No CPP de Jardinópolis o Clube de Leitura acontece em parceria com o Instituto Palavra Mágica e com a direção da unidade.

Pensando no Dia Nacional do Livro, que é comemorado todo dia 29 de outubro, esta parceria projetou o evento com a ideia de trazer Menalton Braff para uma conversa com os reeducandos, complementando o debate que é feito dentro dos Clubes de Leitura todos os meses. A articulação para a realização do evento foi feita pela Gerência Regional da Funap em Ribeirão Preto diretamente com a direção da unidade e com o autor.

Intitulado "Programa Roda Viva com Menalton Braff", em alusão ao programa de entrevistas da TV Cultura, a iniciativa lotou o espaço ecumênico da unidade. Além dos oito convidados para o debate, um servidor do CPP completou a bancada. A conversa, no entanto, não ficou circunscrita ao livro. Caminhou pela história do autor, suas referências, técnicas literárias, importância da literatura para a sociedade e sobre a situação da educação nacional.

Roda Viva

Durante a roda de entrevista, Menalton contou que aprendeu a ler muito cedo - com cinco anos de idade. Seu pai tinha o hábito de alfabetizar os filhos em casa, através da leitura, em uma pedagogia, segundo ele muito diferente da aplicada nas escolas regulares. Já sobre a escrita, o autor foge do clichê e explica que um bom texto não é fruto de talento. Segundo ele, não se usa mais o termo inspiração, mas sim transpiração "Escrevo sobre o que me espanta e o que me encanta".

Sobre a construção de seus personagens, Menalton explicou que há uma transversalidade entre a realidade e a ficção "A vida nem sempre parece real, mas a literatura tem que parecer". Também falou sobre como as tendências da sociedade influenciam no processo criativo e como a atual liquidez e fragmentação de nossas relações colocam os autores em uma posição onde não se pode mais escrever algo simplesmente linear. Ao contar sobre sua maior conquista na carreira, o prêmio Jabuti de Literatura em 2000, na categoria "Livro do Ano - Ficção", com o livro de contos À Sombra do Cipreste, Menalton lembra com felicidade "Eu não sabia, não fazia ideia que ia vencer. Foi o melhor susto da minha vida".

Menalton também enveredou por temas como o período da Ditadura Militar, onde após ser perseguido pelos militares por sua atuação política, foi obrigado a se esconder. "Vivi oito anos da minha vida sem usar meu nome, sem a minha cidadania. Nem gosto de lembrar, de falar disso, me dá calafrios". Já a respeito da educação, o autor debateu sobre o papel das escolas, afirmando não estar contente com os rumos tomados nos últimos anos. "A escola hoje é reformatório, refeitório. Ela não pode formar produtor e consumidor, ela existe para formar cidadão".


Para encerrar o evento, Menalton Braff e o diretor geral do CPP de Jardinópolis, Evandro Bueno Campanhã, participaram da cerimônia de reinauguração da Sala de Leitura "Cândido Portinari" da unidade.

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