CANTIGAS DE AMIGOS

O GUETO NOSSO DE CADA DIA⠀
“O tempo passa e não passa a vida em gueto

Nem a pau se vai o mal com o vento
Maldito ‘apartheid’ que aparta um amor
Separa pobre e rico, estigmatiza a cor
Se é verdade que aqui é o Haiti
Aqui também é a Nigéria, a Síria, o ‘ai-de-ti’
Para o refugiado, o lazarento, para quem a droga sorriu
Para o filho da luta e do ódio que a sina pariu
Por que caraca a coisa tem de ser descarada assim
Caras de Caracas ao deus-dará por bom fim?
Vida em gueto
Vida em preto e branco
Que venha o colorido
Descolorir o cerco
Tenha misericórdia da turba o Nazareno
O super-homem, o marciano, o extraterreno
Que ácido esse cardápio de assim ou assado!
Não poder escolher um prato mais humanizado
Quem sabe um dia Deus não nos quebre o galho
Dando um talho neste ‘cada macaco no seu galho’!
Como ainda não se pode proibir de sonhar no gueto
Talvez possamos ver o bom-senso sujeitar o obsceno
Se os homens têm cérebro e coração
Seria uma bênção que estes não fossem enfeites em vão
Vida em gueto
Vida em preto e branco
Que venha o colorido
Descolorir o cerco”

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