AS BARBAS E A DITADURA
(Wagner Coriolano de Abreu)
No Brasil dos anos setenta, o cidadão que usasse barbas longas tornava-se um suspeito perante as autoridades e era procurado para esclarecimentos de ordem política, social e profissional. O barbudo que ficasse a fumar seu cigarro na esquina, por exemplo, já se enrolava junto aos donos do poder e seu órgão de informações.
Foi o tempo da ditadura militar, período em que o país ficou nas mãos de apenas um chefe e seus homens que, por vias da força, fecharam os espaços de participação política, a começar pelo Con-
gresso Nacional, estendendo-se às reuniões em praça pública. A censura que impuseram atingiu as raias da loucura, através de atos absurdos, não só contra quem não fosse a favor da ideologia e se
opusesse cara a cara, mas também contra as pessoas inocentes, os lazeres populares e as manifestações artísticas.
Os homens barbudos foram tomados como partidários do comunismo, embora nem todos o fossem. A ditadura usou o expediente capcioso de rotular os adversários como comunistas, para melhor
atingir objetivos de controle social e estabelecer a ordem imperialista ditada pelos Estados Unidos. Pode-se dizer que a ditadura fez muito mal aos rapazes que apenas cofiavam suas barbas com outros interesses e estavam alienados dos rumos do país.
Esta época, contudo, deixou também, como legado para as novas gerações, atos de coragem, que merecem ser relembrados. É o 36 SEMPRE AOS PARES caso da obra literária Sombras de reis barbudos, de José Jacinto Veiga, que veio a lume na pior hora do regime, bem no início dos anos setenta.
O livro trata da história do menino Lucas e sua gente, numa cidade invadida por uma Companhia de Melhoramentos, que piorava a vida de todos, através de proibições. Em linguagem culta e descontraída, a história logo se tornou motivo de alusões nos meios intelectualizados e uma espécie de senha para a resistência nacional. Mesmo que os estudiosos tenham criado o conceito de fantástico ou realismo mágico, a fim de explicarem algumas referências daquele momento, nem tudo ficou bem explicado e é preciso continuar na militância da memória. A leitura dos anos de chumbo, como se dizia, abre-se em novas conotações neste texto do escritor goiano, conhecido também pelo livro A hora dos ruminantes e pelo fato de ser leitor de Erico Verissimo.
No Brasil dos anos setenta, o cidadão que usasse barbas longas tornava-se um suspeito perante as autoridades e era procurado para esclarecimentos de ordem política, social e profissional. O barbudo que ficasse a fumar seu cigarro na esquina, por exemplo, já se enrolava junto aos donos do poder e seu órgão de informações.
Foi o tempo da ditadura militar, período em que o país ficou nas mãos de apenas um chefe e seus homens que, por vias da força, fecharam os espaços de participação política, a começar pelo Con-
gresso Nacional, estendendo-se às reuniões em praça pública. A censura que impuseram atingiu as raias da loucura, através de atos absurdos, não só contra quem não fosse a favor da ideologia e se
opusesse cara a cara, mas também contra as pessoas inocentes, os lazeres populares e as manifestações artísticas.
Os homens barbudos foram tomados como partidários do comunismo, embora nem todos o fossem. A ditadura usou o expediente capcioso de rotular os adversários como comunistas, para melhor
atingir objetivos de controle social e estabelecer a ordem imperialista ditada pelos Estados Unidos. Pode-se dizer que a ditadura fez muito mal aos rapazes que apenas cofiavam suas barbas com outros interesses e estavam alienados dos rumos do país.
Esta época, contudo, deixou também, como legado para as novas gerações, atos de coragem, que merecem ser relembrados. É o 36 SEMPRE AOS PARES caso da obra literária Sombras de reis barbudos, de José Jacinto Veiga, que veio a lume na pior hora do regime, bem no início dos anos setenta.
O livro trata da história do menino Lucas e sua gente, numa cidade invadida por uma Companhia de Melhoramentos, que piorava a vida de todos, através de proibições. Em linguagem culta e descontraída, a história logo se tornou motivo de alusões nos meios intelectualizados e uma espécie de senha para a resistência nacional. Mesmo que os estudiosos tenham criado o conceito de fantástico ou realismo mágico, a fim de explicarem algumas referências daquele momento, nem tudo ficou bem explicado e é preciso continuar na militância da memória. A leitura dos anos de chumbo, como se dizia, abre-se em novas conotações neste texto do escritor goiano, conhecido também pelo livro A hora dos ruminantes e pelo fato de ser leitor de Erico Verissimo.
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