domingo, 26 de março de 2017

ESPIANDO POR DENTRO

Esta coluna reúne análises de obras literárias escritas por Menalron Braff e publicadas originalmente em seu site. 

Título: Fogo Morto
Autor: José Lins do Rego.

A obra

Fogo morto é romance regionalista, inserindo-se entre as obras do ciclo da cana de açúcar de JLR. Escrito em terceira pessoa, cede grande espaço para o discurso direto e o diálogo entre personagens.

• Estruturado em três partes:
"O Mestre José Amaro",
"O Engenho de seu Lula",
"O Capitão Vitorino".

• Em cada uma das partes desenvolve-se a história centrada em uma das personagens referidas no título.

• Tematicamente, a primeira parte coloca os problemas atuais, contemporâneos, comparecendo todas as personagens, mas tendo o Mestre Amaro como centro. Na segunda parte, o narrador faz um mergulho no passado, de onde recupera o período de formação da cultura canavieira ainda no Brasil
Colônia. A terceira parte é um retorno para o presente, mas agora em um período de decadência, resultado dos conflitos vividos pelas personagens, mas também como conseqüência de problemas conjunturais.

• Primeira parte: A personagem principal é o Mestre Amaro, seleiro que vive como agregado em um pedaço de terra do engenho Santa Fé na companhia de sua mulher e de uma filha solteira. Uma espécie de alterego do narrador, Mestre Amaro é a própria denúncia social, criticando violentamente poderosos ou não. Acaba envolvendo-se com o Capitão Antônio Silvino (cangaceiro). Sua filha enlouquece e é levada para um hospital distante. Sua mulher o abandona. O Mestre Amaro adquire fama de lobisomem. Sozinho, desiludido, comete suicídio.

• Segunda parte: A personagem principal é o Coronel Lula de Holanda, dono do engenho Santa Fé. Historia a formação do engenho, iniciando pelo fundador, o Capitão Tomás Cabral, sogro do Coronel Lula.

Desprestigiado, enfraquecido, o Coronel Lula caminha na direção da demência. Torna-se personagem ridícula ao tentar manter o antigo fastígio da família. Tenta expulsar M.Amaro de suas terras, mas este resiste, com a proteção do Capitão Silvino.


• Terceira parte: O Capitão Vitorino Carneiro da Cunha é a personagem central da terceira parte, e uma das personagens mais fascinantes da literatura de JLR. Verdadeiro D. Quixote do sertão, no dizer de alguns críticos, é na realidade um misto de palhaço e herói. Atenazado pela meninada (papa-rabo) que persegue com relho ou faca, é, contudo, respeitado pela sua origem (primo dos principais coronéis da região) e por sua bravura. A única personagem com exato senso de justiça, enfrenta perigos de peito aberto, e de alguma forma, de maneira ridícula.

O autor: José Lins do Rego

Nasceu em 3 de junho de 1901 no município de Pilar(Paraíba). Descendente de senhores de engenho nordestinos, fará da paisagem de sua infância a principal temática de sua obra literária. Com dezesseis anos conclui o ginásio, em João Pessoa e em 1920 matricula-se na Faculdade de Direito de Recife. É dessa época sua amizade com o sociólogo Gilberto Freyre, cujas idéias marcaram o jovem estudante.

Em 1925, já formado, assume a função de fiscal de bancos em Maceió, Alagoas, onde entra em contato com Graciliano Ramos, Raquel de Queirós, Jorge de Lima e Aurélio Buarque de Holanda, autores que terão grande influência nos destinos literários de José Lins do Rego.
Autor típico da 2a. geração modernista brasileira, sua obra pode ser dividida em três grupos, ou ciclos:

Ciclo da cana de açúcar:
Menino de Engenho
Doidinho
Bangüê
Usina
Fogo Morto

Ciclo do cangaço:
Cangaceiros
Pedra bonita

Romances avulsos:
Moleque Ricardo
Pureza
Riacho Doce
Eurídice
Características

Memorialista, na maior parte de sua produção, situa suas personagens no ambiente em que ele mesmo, JLR, passou sua infância, ou seja, na região canavieira do Nordeste. Linguagem simples, sem pretensões "literárias", mas com inflexões regionais. Telúrico: a paisagem é parte fundamental em sua ficção. Espontaneísmo: Sua fonte, conforme afirma, são os cantadores nordestinos. Oralidade: vocabulário e organização sintática coloquiais

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