ALÉM DO RIO DOS SINOS

O romance Além do rio dos Sinos foi concebido em uma viagem que minha mulher, a Roseli, e eu empreendemos à terra em que nasceram meus pais e que, na infância, visitávamos com frequência. Ouvi muitas histórias sem intenção de receptor tampouco do emissor. Não havia literatura em nossas conversas, apenas vida, sangue, sofrimento, às vezes superação.

O espaço é o que se pode chamar de o Rio Grande do Sul profundo, uma região pobre, habitada por pessoas rígidas, quase empedradas como empedrados são os morros íngremes da região. Pecuária ali não existe, agricultura é quase impossível, mas aquela gente sobrevive com o pouco que arranca da terra no estreito intervalo entre as rochas gigantescas.

O sonho de muito montanhês é conquistar recursos para descer à várzea, que também não é grande coisa, contudo infinitamente melhor que os morros em que vegetam. É uma região esquecida, ninguém fora dali conhece a dureza daquele povo, que teima em sobreviver. Uma região sem mídia porque sem glamour. Uma região a que o ufanismo gauchesco simplesmente vira as costas. Aquilo que se costuma esconder debaixo do tapete.

Mas o romance, mesmo tendo tal cenário, é um romance de conflitos pessoais, em que uma mulher busca pelo autoflagelo viver em paz para sustentar, mesmo que precariamente, seus filhos, que não se conformam com a vida lá no alto, perto das nuvens, mas só vão procurar solução ao atingirem a idade necessária para isso.


INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTA POSTAGEM:
  1. Dados do livro
  2. Preço
  3. Onde encontrar
  4. Orelha

DADOS DO LIVRO:

Título: Além do Rio dos Sinos
Editora: Reformatório

Gênero: romance
Ano: 2020


PREÇO: R$ 
35,20

ONDE ENCONTRAR:

Loja virtual da Editora Reformatório


ORELHA:

Muita pedra no caminho


Além do Rio dos Sinos, novo romance de Menalton Braff, revela um Brasil profundo, obscuro, esquecido, ignorado pelos viventes das grandes cidades, cuja trepidação fremente invade os noticiários televisivos, que sobrevivem de tragédias e sangue. O espaço onde se desenrola o enredo é o Vale do Rio dos Sinos, lugar em que se dá o embate morro x várzea, cerne dos conflitos dessa narrativa prenhe de infortúnios silenciosos, não menos trágicos, todavia, do que aqueles que estampam as primeiras páginas dos jornais.

A luta inglória dos solitários habitantes do morro infértil, cravado de pedras, e o sonho de habitar a várzea, menos inóspita àqueles que tiram da terra a sobrevivência, permeiam a vida dos protagonistas – Nicanor e Florinda. Ele, órfão ainda jovem, nenhum estudo, ambicioso, fraco, dono do Morro do
Caipora, que herdou da família morta, submete-se ao assédio e ao poder dos mais ricos; ela, filha de fazendeiro, órfã de mãe, encarna força e coragem para quebrar tradições morais e sociais, apesar de viver num mundo patriarcal.

Estruturado em dois planos temporais, da Segunda Guerra Mundial à Ditadura Militar do Brasil, passado e presente correm paralelos até convergirem numa única estrada que leva o leitor a desbravar os mesmos caminhos e percalços trilhados por Florinda e Nicanor: as agruras da natureza, a criação dos filhos, o contato diário (quase humano) com os animais.

Nesse Vale perdido no mapa e no tempo, o autor constrói um microcosmo no qual o leitor mergulha embalado pela oralidade e poeticidade da linguagem: podem-se ouvir o uivo do vento no morro e o som cantante das pedras do Rio dos Sinos. Braff não escapa de suas descrições extremamente cromáticas, para deleite de quem o lê desde À sombra do cipreste, vai além, enriquecendo o tecido narrativo com rico vocabulário do interior gaúcho.

Amor, ódio, traição, vingança, rancor, morte são temas candentes que se articulam – trágica e poeticamente – neste Além do Rio dos Sinos, de onde desponta, sobretudo, a força de uma mulher que ousou comandar sozinha a rédea de seu destino.

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