"Como é ser filho de um grande ídolo do futebol? Como lidar com o assédio na escola e a inveja de alguns colegas?
Como enfrentar a mídia, que ora ergue um ídolo, ora o derruba?
Neste livro, vamos conhecer a história de Maurício, filho de um famoso jogador de futebol contratado para salvar o Clube Esportivo Planalto do rebaixamento."
Editora FTD
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INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTA POSTAGEM:
- DADOS DO LIVRO
- RESENHA
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DADOS DO LIVRO:
Título: O fantasma da segundona
Gênero: romance juvenil
Ilustrações: Caco Galhardo
Editora: FTD
RESENHA
Por Vanessa Maranha (acesse a publicação original)
Autor que transita com desenvoltura por variados gêneros
literários, o gaúcho radicado em Serrana (SP) Menalton Braff, autor de projeção
no meio literário e entre o público, acaba de lançar o livro infanto-juvenil O
fantasma da segundona, pela editora FTD, com ilustrações de Caco Galhardo.
A literatura infanto-juvenil é um gênero de extrema
importância e responsabilidade, pois funciona como um convite para a formação
de novos leitores, incidindo num momento crucial do desenvolvimento humano. É
desejável, portanto, que seja uma incidência salutar. Assim sendo, deve ser
atraente, valer-se de signos-significantes que façam sentido à linguagem da
faixa etária que pretende chamar; precisa confluir no mesmo sentido do trânsito
psicológico desse público e refletir as preocupações, os anseios, os desejos
desse leitor específico, sem justificar ou normalizar questões inadequadas,
caminhando pela via de uma ética. Também não pode ser deliberadamente
moralista. Daí a sua dificuldade, ao autor que produz literatura adulta.
Para encarar a empreitada, ele precisa visualizar o leitor,
preocupar-se com um destinatário bem específico; desviar-se do tom professoral;
dosar elementos para não ceder ao infantilismo que os adolescentes abominam,
(porque, imagine!, proclamam a todo momento que não são mais crianças), e
mimetizar-se num narrador interessante.
Menalton, também leitor do gênero, e que eleva Maria Clara
Machado, por sua linguagem poética; Pedro Bandeira pela urdidura dos seus
enredos e, antes e acima de todos, o Monteiro Lobato, autor de sua
adolescência, corrobora: “escrever para jovens tem aspectos facilitadores e
dificultadores. Há que se tomar o cuidado de não descer o nível conceitual e
vocabular, sem cometer o contrário, fugindo muito das possibilidades de leitura
do adolescente. É necessário contribuir para a expansão cultural e vocabular
deles, sem tornar-se fastidioso e difícil a ponto de ser abandonado. Há também
valores éticos que devem ser levados em conta. Recebo feedbacks com alguma
frequência, quando me convidam para discutir o livro com alunos que o leram.”
Ainda assim, Menalton Braff não considera que o leitor atual
seja muito diferente dos leitores de todas as idades. “O leitor juvenil precisa
de uma história, e o(s) protagonista(s) precisa(m) possibilitar a identificação
com o leitor. Isso até que a fase seja superada, ou seja, até que o leitor se
creia adulto”, comenta.
O fantasma da segundona, obra destinada a adolescentes de
dez a treze anos, obtém êxito em todos esses elementos, numa prosa fluida, em
primeira pessoa e num coloquialismo bem dosado, com figuras de linguagem
interessantes, sem qualquer prejuízo à norma culta, que sem licenças poéticas e
metafóricas, por sua vez, pasteurizam a linguagem.
Ainda que o título aluda à idéia de futebol, esse não é o
tema central do livro. A história trata da família do narrador, Maurício
Andrade da Silveira, filho de um jogador de futebol. Quando acaba de entrar
para a faculdade, a pedido de um amigo, ele começa a contar o que foi a sua
vida até então. Um dos temas de base é a disparidade salarial entre alguns
jogadores, outro dos temas é o desempenho escolar oscilatório em decorrência da
carreira do pai e de que forma os problemas vividos no campo, no clube, dão
entrada na vida familiar. Esse jogador tem esposa e um filho na
pré-adolescência, que vão sofrer os altos e baixos da carreira do pai e marido.
A narrativa ágil e muito agradável ao leitor, corre ao largo das idealizações e
do glamour aparente que envolve o futebol da atualidade, muito mais pautado por
negócio (e política) do que por arte ou idealismo.
De acordo com o autor, a coincidência do lançamento do livro
em tempo de copa é aleatória, “pois o livro já está escrito há um bom tempo.
Quando não se pensava ainda em copa. A ideia é antiga e não era, inicialmente,
sobre futebol. Aliás, continua não sendo. Eu há muito tinha a vontade de
mostrar o lado do perdedor em alguma coisa. Me preocupava o fato de que só se
mostra o vencedor (que é um só), deixando-se como inexistente todos os
perdedores. Os que sofrem. Era essa a visão que me tentava. Por fim o futebol
entrou como a concretização de uma ideia abstrata”, explica Menalton Braff.
Fazendo jus à sua qualidade literária, O fantasma da
segundona já está inscrito no PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola),
que realiza a seleção e inserção de obras literárias nas escolas do Brasil . À
sombra do cipreste, volume de contos que ganhou o Prêmio Jabuti de 2000, já
consta, diga-se, com bastante sucesso, da lista de obras indicadas pelo mesmo
programa.
O ficcionista
Menalton João Braff nasceu na pequena Taquara, RS, em 1938.
É contista, romancista e novelista. Sua formação ginasial e clássica deu-se
entre a cidade natal e a capital do estado, Porto Alegre. Já nesta época se
interessava por literatura e militava politicamente, o que, após o Golpe
Militar de 1964, resultou em sua perseguição durante a ditadura, sendo obrigado
a abandonar o curso de Economia, na antiga URGS, para desaparecer como cidadão
por alguns anos.
Apenas após a anistia, quando pôde voltar a usar seu nome
verdadeiro, é que foi buscar estudo acadêmico de Letras em curso da
Universidade São Judas Tadeu (em São Paulo), começando a lecionar, na mesma
universidade, como professor assistente, enquanto fazia o curso de
pós-graduação lato sensu em Literatura Brasileira.
Logo após, em 1984, motivado pelo seu patriotismo, publicou
seus dois primeiros livros sob o pseudônimo Salvador dos Passos (nome de seu
bisavô), com o intuito de ocultar o sobrenome de origem européia. Viria a
abandonar o pseudônimo apenas em 1999, quando publicaria aquele com o qual
viria a ganhar o Prêmio Jabuti de Literatura em 2000, na categoria ‘Livro do
Ano - Ficção’: Tratava-se do livro de contos À Sombra do Cipreste.
A partir daí, sua produção se intensificou. Encontram-se
entre seus títulos os romances Que enchente me carrega?, Castelos de Papel, Na
Teia do Sol, A Muralha de Adriano, Moça com Chapéu de Palha, Bolero de Ravel,
Tapete de Silêncio, O Casarão da Rua do Rosário e o citado O fantasma da
segundona. Entre as novelas direcionadas ao público infantil, A Esperança por
um Fio, Como Peixe no Aquário, Antes da meia-noite, Copo Vazio. (SM)
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