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ATENÇÃO: Ao final desta postagem, você encontrará links para páginas específicas do do Skoob que vão agilizar sua descoberta da rede social. |
Para começar, vamos falar do Skoob - a primeira e provavelmente a mais conhecida rede social de livros do Brasil, que foi criada em 2009 e já ultrapassou os quatro milhões de usuários. Funciona como uma estante virtual em que você organiza os títulos já lidos e também os que pretende ler.
Um dos pontos mais atraentes dessa rede é o fato do usuário poder escrever e publicar resenhas sobre os livros que já leu. O leitor ainda pode trocar livros, participar de grupos de discussão e também de sorteios de exemplares que as grandes editoras enviam como cortesia.
Reproduzimos, a seguir, uma resenha do livro "O peso da gravata" postada por Marcos de Sousa , que se define assim no Skoob: "Carioca, 24 anos, escritor, blogueiro do Desbravador de Mundos e professor de produção de texto; não necessariamente nessa ordem".
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Acesse o site de Marcos de Sousa |
(Marcos de Sousa)
Até ler essa obra, desconhecia por completo Menalton Braff.
Aliás, só dei uma chance para seu trabalho porque o autor já foi duas vezes
finalista do Prêmio Jabuti, o que é um excelente feito. Ao terminar a obra,
entendi o motivo das indicações e passei a ter apreço pelo trabalho do
escritor. Afinal, transmitir intensidade e profundidade em um conto, que é uma
narrativa bem mais curta, é tarefa árdua. Felizmente, Braff domina essa arte.
Devido à quantidade de contos da obra, torna-se impossível
que se fale, detalhadamente, de cada um dos textos. Isso tornaria a resenha
enfadonha e tiraria o sabor do descobrimento por parte do leitor. Então,
deter-me-ei nos dois primeiros trabalhos, sendo o primeiro deles o que dá nome
ao livro.
Em O Peso da Gravata, conhecemos um homem que se sente
submergido pelo peso das suas responsabilidades e deveres, que pode ser
representado perfeitamente pela sua gravata. Em um certo
dia, a opressão das
obrigações sociais é tamanha que ele resolve jogar tudo para o ar. O peso é
desfeito e o espírito humano é liberto. O interessante e surpreendente é a forma
que o protagonista faz isso.
“As três notas curtas e uma longa, da Quinta: torpedo.
Gonçalo segura o volante com a mão esquerda, liberando a direita para ver que
porra de mensagem é esta agora: não esquecer a recepção logo mais às cinco.
Joga o aparelho no banco do carona e bate com a mão espalmada na testa: droga,
droga, droga!” (p. 9).
O primeiro conto do livro abre a obra muito bem e é a
promessa, cumprida, aliás, de um bom livro pela frente. Braff começa já com uma
crítica social, mostrando o qual alienante é o peso das obrigações. Atualmente,
as pessoas “sérias” são esmagadas até que desapareçam. Cabe a uns poucos
corajosos quebrar esse julgo, cada um com a sua maneira. Uns criam um clube da
luta; outros tomam uma atitude mais prática como a do nosso protagonista.
O segundo conto da obra, O Violinista, é um texto muito
curto que narra o encontro de um crítico que reencontra um músico pelo qual
possui enorme apreço. Contudo, tal músico, apesar do talento ímpar, tocava em
um local onde o público não o apreciava e ainda o ignorava, o que cria uma
revolta naquele que é fã e crítico de sua obra.
Neste segundo conto, conhecemos uma faceta totalmente
diferente oposta de Braff. O autor deixa de lado um pouco a crítica mais
ferrenha e se emprenha numa brincadeira com o impossível, com o quase
sobrenatural. É um conto simples, aparentemente direto, mas que precisa de
calma para ser entendido em todas as suas nuances. Se no primeiro conto o autor
se mostra inteligente, é aqui que ele apresenta a criatividade que ganhará o
leitor no decorrer da obra.
“Parei em sua frente, horrorizado com o que via, indignado
com a crueldade do destino: o maior talento com que cruzei na vida submetido à
indiferença de um público que não era o seu. Cravei-me no granito da escada
numa tentativa desesperada de proteger meu amigo de corpos mais pesados, com
seus ouvidos de arame farpado. Em alguns momentos, esqueci com os cotovelos as
lições de boas maneiras” (p. 17).
Em O Peso da Gravata e Outros Contos, Braff brinca com o
leitor e com as diversas possibilidades que o gênero conto permite. Tudo isso
através de uma linguagem bem articulada e inteligente, sem perder a fluidez do
texto. Os textos são criativos e mantêm um padrão de qualidade, fazendo com que
o leitor aproveite bem a obra por completo.
Em relação a parte física, sobram também apenas elogios. A
capa representa bem a ideia da obra, apesar de não ser completamente original.
A diagramação interna, por sua vez, é um show à parte. A Primavera trabalhou
bastante na parte gráfica, apresentando um trabalho editorial de alto nível, o
mais bonito que eu já vi nas obras da editora. A revisão também está ótima,
ajudando ainda mais no processo de leitura.
Em suma, apesar de O Peso da Gravata não ter sido o melhor
livro de contos que eu já li, é uma obra inteligente, interessante e que
demonstra todo o potencial do autor. Sem dúvidas, um livro que merece ser lido.
Certamente, desbravarei outros trabalhos do autor.
“Ontem, depois de quatro anos, resolvi meu túmulo. Era noite
e o cemitério, com seus ricos jazigos alternados com pobres sepulturas rasas,
não me assustaram, apesar da hora” (p. 29).
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