Esta coluna reúne resenhas escritas por autores diversos.
O País das Neves
O País das Neves
(Por Menalton Braff)
Yasunari Kawabata, nascido em Osaka em 1899, foi o ganhador
do Prêmio Nobel de literatura em 1968. No ano de 2004, a Editora Estação
Liberdade lançou uma de suas obras máximas, o romance O País das Neves.
Atravessava-se um longo túnel e lá estava o País das Neves.
A noite assumiu um fundo branco. O trem parou num entroncamento.
Com esse parágrafo inicial, Kawabata nos introduz num espaço
mítico com características orientais, onde se desenrolarão as ações de seu
romance. Dele pode-se dizer que é uma história sem início ou fim, isto é,
trata-se de um flagrante da vida em movimento, à maneira impressionista.
Em sua escrita, cujos traços surrealistas são evidentes,
devem-se destacar as técnicas impressionistas, não só pela construção da
história como flagrante, como por outros recursos, como o efeito borrão, os
recuos ao passado, a predominância da sugestão sobre o delineamento. Seus
traços são difusos e as cenas também
provocam uma sensação de incompletude. Mas, acima de tudo,
Kawabata é sensorial, bosquejando, a todo momento, a paisagem da vila, seus
jardins, suas plantas, como centro, além das montanhas cobertas de neve que a
circundam.
Para um leitor ocidental, entretanto, a leitura de O País
das Neves apresenta obstáculos quase intransponíveis, principalmente quando se
trata das personagens, seus costume, valores, suas relações interpessoais.
Dificilmente se entendem as razões de Komako, uma gueixa, e Shimamura, um
escritor em férias nas montanhas.
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