JULGAMENTO
Zé Bebelo, comandante de um dos bandos de jagunços, desce ao norte de Minas com a intenção de acabar com a jagunçagem. Seu objetivo é depois do serviço feito tornar-se deputado.
Mas ele não dá sorte, e um dos grupos de comandados de Joca Ramiro, surpreeende e desbarata o adversário. O único sobrevivente é o comandante: Zé Bebelo. Joca Ramiro concede-lhe julgamento perante seus mais de mil cavaleiros e quase todos seus lugares-tenentes.
É uma das maiores cenas do livro. Quase trinta páginas de julgamento.
Ricardão, um dos lugares-tenentes, em sua intervenção, pede a morte de Zé Bebelo. Sô Candelário se opõe. Por fim, na Fazenda Sempre-Verde, os guerreiros formam-se numa roda no meio da qual fica o prisioneiro.
Pág. 275 - "Mas, de repente, Joca Ramiro, astuto natural, aceitou o louco oferecimento de se abancar: risonho ligeiro se sentou, no chão, defronte de Zé Bebelo. "
Pág. 276 - "- Lhe aviso: o senhor pode ser fuzilado, duma vez. Perdeu a guerra, está prisioneiro nosso..." - Joca Ramiro fraseou."
Pág. 277 - "Naquela hora, o senhor reparasse, que é que notava? Nada, mesmo. O snhor mal conhece esta gente sertaneja. Em tudo, eles gostam de alguma demora. Por mim, vi: assim serenados assim, os cabras estavam desejando querendo o sério divertimento. Mas, os chefes cabecilhas, esses, ao que menos: expunham um certo se aborrecer, segundo seja? Cada um conspirava suas ideias a respeito do prosseguir, e cumpriam seus manejos no geral, esses com suas responsabilidades."
A narração acima é feita por Riobaldo, que participou do julgamento, a seu interlocutor que jamais aparece, muitos anos depois de haver abandonado a jagunçagem.
O julgamento começa formalmente:
Pág. 278 - "Joca Ramiro deve de ter percebido aquele repiquete. Porque ele sobre se virou, para Sô Candelário, ao de indagar:
- Meu compadre, que é que se acha?"
A resposta do lugar-tenente começa:
"- Ao que a ver! Ao que estou, compadre chefe meu..."
De um em um Joca Ramiro ouve a opinião. Hermógenes, sempre raivoso, depôs:
Pág. 279 "- Cachorro que é, bom para a faca. O tanto que ninguém não provocou, não era inimigo nosso, não se buliu com ele. (...) Merece ter vida não. Acuso é isto, acusação de morte. O diacho, cão!"
Acusação e defesa se sucedem e até Riobaldo, que nem chefe era, faz sua int ervenção:
Pág. 290 - " -... A guerra foi grande, durou tempo que durou, encheu este sertão. Nela todo o mundo vai falar, pelo Norte dos Nortes, em Minas e na Bahia toda, constantes anos, até em outras partes... Vão fazer cantigas, relatando as tantas façanhas... Pois então, xente, hão de se dizeer que aqui na Vempre-Verde vieram se reunir os chefes todos de bandos, com seus cabras valentes, montoeira completa, e com o sobregovêrno de Joca Ramiro - só para, no fim, fim, se acabar com um homemzinho sozinho - se condenar de matar Zé Bebelo, o quanto fosse um boi de corte? Um fato assim é honra? Ou é vergonha?..."
Em argumento contra os partidários da execução, Sô Candelário acrescenta:
Pág. 293 - "- ...Mas morrer em combate é coisa trivial nossa; para que é que a gente é jagunço?! Quem vai em caça, perde o que não acha..."
Já no final, depois de todos terem falado, Joca Ramiro se pronuncia:
Pág. 296 - "- O julgamento é meu, sentença que dou vale em todo este norte. Meu povo me honra. Sou amigo dos meus amigos políticos, mas não sou criado deles, nem cacundeiro. A sentença vale. A decisão. O senhor reconhece?"
Decide-se degredar Zé Bebelo para Goiás e ele faz alguns pedidos, como cavalos, armas, para, por fim, perguntar pelo prazo da sentença. Joca Ramiro conclui:
Pág. 297 - "- Até enquanto eu vivo for, ou não der contraordem..."
Zé Bebelo parte com vida.
Zé Bebelo, comandante de um dos bandos de jagunços, desce ao norte de Minas com a intenção de acabar com a jagunçagem. Seu objetivo é depois do serviço feito tornar-se deputado.
Mas ele não dá sorte, e um dos grupos de comandados de Joca Ramiro, surpreeende e desbarata o adversário. O único sobrevivente é o comandante: Zé Bebelo. Joca Ramiro concede-lhe julgamento perante seus mais de mil cavaleiros e quase todos seus lugares-tenentes.
É uma das maiores cenas do livro. Quase trinta páginas de julgamento.
Ricardão, um dos lugares-tenentes, em sua intervenção, pede a morte de Zé Bebelo. Sô Candelário se opõe. Por fim, na Fazenda Sempre-Verde, os guerreiros formam-se numa roda no meio da qual fica o prisioneiro.
Pág. 275 - "Mas, de repente, Joca Ramiro, astuto natural, aceitou o louco oferecimento de se abancar: risonho ligeiro se sentou, no chão, defronte de Zé Bebelo. "
Pág. 276 - "- Lhe aviso: o senhor pode ser fuzilado, duma vez. Perdeu a guerra, está prisioneiro nosso..." - Joca Ramiro fraseou."
Pág. 277 - "Naquela hora, o senhor reparasse, que é que notava? Nada, mesmo. O snhor mal conhece esta gente sertaneja. Em tudo, eles gostam de alguma demora. Por mim, vi: assim serenados assim, os cabras estavam desejando querendo o sério divertimento. Mas, os chefes cabecilhas, esses, ao que menos: expunham um certo se aborrecer, segundo seja? Cada um conspirava suas ideias a respeito do prosseguir, e cumpriam seus manejos no geral, esses com suas responsabilidades."
A narração acima é feita por Riobaldo, que participou do julgamento, a seu interlocutor que jamais aparece, muitos anos depois de haver abandonado a jagunçagem.
O julgamento começa formalmente:
Pág. 278 - "Joca Ramiro deve de ter percebido aquele repiquete. Porque ele sobre se virou, para Sô Candelário, ao de indagar:
- Meu compadre, que é que se acha?"
A resposta do lugar-tenente começa:
"- Ao que a ver! Ao que estou, compadre chefe meu..."
De um em um Joca Ramiro ouve a opinião. Hermógenes, sempre raivoso, depôs:
Pág. 279 "- Cachorro que é, bom para a faca. O tanto que ninguém não provocou, não era inimigo nosso, não se buliu com ele. (...) Merece ter vida não. Acuso é isto, acusação de morte. O diacho, cão!"
Acusação e defesa se sucedem e até Riobaldo, que nem chefe era, faz sua int ervenção:
Pág. 290 - " -... A guerra foi grande, durou tempo que durou, encheu este sertão. Nela todo o mundo vai falar, pelo Norte dos Nortes, em Minas e na Bahia toda, constantes anos, até em outras partes... Vão fazer cantigas, relatando as tantas façanhas... Pois então, xente, hão de se dizeer que aqui na Vempre-Verde vieram se reunir os chefes todos de bandos, com seus cabras valentes, montoeira completa, e com o sobregovêrno de Joca Ramiro - só para, no fim, fim, se acabar com um homemzinho sozinho - se condenar de matar Zé Bebelo, o quanto fosse um boi de corte? Um fato assim é honra? Ou é vergonha?..."
Em argumento contra os partidários da execução, Sô Candelário acrescenta:
Pág. 293 - "- ...Mas morrer em combate é coisa trivial nossa; para que é que a gente é jagunço?! Quem vai em caça, perde o que não acha..."
Já no final, depois de todos terem falado, Joca Ramiro se pronuncia:
Pág. 296 - "- O julgamento é meu, sentença que dou vale em todo este norte. Meu povo me honra. Sou amigo dos meus amigos políticos, mas não sou criado deles, nem cacundeiro. A sentença vale. A decisão. O senhor reconhece?"
Decide-se degredar Zé Bebelo para Goiás e ele faz alguns pedidos, como cavalos, armas, para, por fim, perguntar pelo prazo da sentença. Joca Ramiro conclui:
Pág. 297 - "- Até enquanto eu vivo for, ou não der contraordem..."
Zé Bebelo parte com vida.
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