ENTRE DEUS E O DIABO
O bando chega à fazenda Barbaranha.
Pág. 468 - "Mas não desordeei nem coagi, não dei em nenhuma desb raga. Eu não estava com gosto de aperrear ninguém. E o fazendeiro, senhor dali, de dentro saiu, veio saudar, convidar para a hospedagem, me deu grandes recebimentos."
Pág. 469 - "E eu entrei com ele na casa da fazenda, para ela pedindo em voz alta a proteção de Jesus. Onde tive os usuais agrados, com regalias de comida em mesa. Sendo que galinha e carnes de porco, farofas, bons quitutes ceamos, sentados, lá na sala. Diadorim, eu, João Goanhá, Marcelino Pampa, João Concliz, Alaripe e uns outros, e o menino pretinho Guirigó mais o cego Borromeu - "
Depois de observar que havia três moças na sala, Riobaldo, para espanto e medo da família, ordena que a mais nova e mais bonita se aproxime. Então sentencia:
Pág. 473 - " 'Menina, tu há de ter nôivo correto, bem apessoado e trabalhador, quando for hora, conforme tu merece e eu rendo praça, que votos faço... Não vou estar por aqui, no dia, para festejar. Mas, em todo tempo, vocês, carecendo, podem mandar chamar minha proteção, que está prometida - igual eu fosse padrinho legítimo em bôdas!' "
Depois de jantarem, em conversa, Riobaldo pede informações ao seo Ornelas.
Pág. 474 - "Ao que - isso era um fato possível? Ele não sabia. De Zé Bebelo, nem do Ricardão, nem do Hermógenes, ele não sabia nem a preposição."
Pág. 477 - "No outro dia, acordei com a boca amarga e oce, e o través de baixar alguma ordem comandando; esse dia com essa noite não se pertencia. Achamos, de recrutagem, os cavalos que pudemos - o que foram os dez, os burros e mulas também contados. O seo Ornelas honrava os atos."
Mas era preciso prosseguir viagem.
Pág. 478 - "Sincero o dito, a gente agradeceu, subindo todos em selas, e a limpo seguimos - a manhã ainda com diversas claridad3es. Seo Ornelas externou as despedidas, com o x'totó de foguetes, conforme se lembrou de mandar começar a soltação, cujos por bem uma meia-dúzia. O pessoal deu vivas, gloriando o mastro com a bandeira do santo. Ao que, pelo mais, puxei em frente, pondo meu cavalo: com espora, rédea e pernas. Deciso."
Pág. 479 - "E a gente ia indo, aquela comprida cavalhada."
Uma viagem tranquila, começaram a cantar:
Pág. 479 - Hei-de às armas, fechei trato
nas Veredas com o Cão.
Hei-de amor em seus destinos
conforme o sim pelo não.
Em tempo de vaquejada
todo gado é barbatão:
deu doideira na boiada
soltaram o Rei do Sertão...
Travessia dos Gerais
Tudo com armas na mão...
O Sertão é a sombra minha
e o rei dele é Capitão!...
A estrutura da cantiga, lembra, e muito, os vilancetes medievais, com versos redondilhos maiores, uma estrofe de quatro versos e uma outra com oito, nove ou dez versos, em geral.
Pág. 480 - "De todos, menos vi Diadorim: ele era o em silêncios. Ao de que triste: e como eu ia poder levar em altos aquela tristeza?"
Pág. 480 - "Aí se viu, em seus couros, um vaqueiro pessoalmente. A esse perfiz: - 'Amigo ô amigo, aqui é aqui?' Ao que ele confirmou: - 'Aqui, o senhor, meu senhor, os senhores estão nos andares do rio Urucúia...' "
Num casebre, os jagunços encontram uma mulher tão miserável que nem parir seu filho ela consegue. Riobaldo tem um gesto de generosidade e lhe dá uma cédula de dinheiro:
Pág. 483 - "- 'Toma, filha de Cristo, senhora dona: compra um agasalho para esse que vai nascer defendido e são, e que deve de se chamar Riobaldo...' "
Pág. 484 - "Com as lágrimas nos olhos, aquela mulher rebeijou minha mão... Alto eu disse, no me despedir: -'Minha Senhora Dona: um menino nasceu - o mundo tornou a começar!...' - e saí para as luas."
Novamente as dúvidas:
Pág. 485 - "O pacto nenhum - negócio não feito. A prova minha, era que o Demônio mesmo sabe que ele não há, só por só, que carece de existência. E eu estava livre limpo de contrato de culpa, podia carregar nômina; rezo o bendito!"
Enfim, Riobaldo vive na incerteza se empenhouou não sua alma com o Demônio. Mas ele sabe que Deus e o Diabo o habitavam.
Pág. 485 - "Acho que eu não era capaz de ser uma coisa só o tempo todo."
Logo a seguir, na caminhada, encontram um homem e Riobaldo sente muita vontade de o abater para aliviar o dedo. Propõe uma questão para o homem, pensando: se responder tal, morre; se não, vai perdoado. O homem dá a resposta correta e segue seu caminho. Mas Riobaldo se enfurece por não ter podido matar o homem. E reflete:
Pág. 487 - "... o demo então era eu mesmo? Desordenei quase, de minhas ideias."
Pág. 489 - " - 'Perdoei este; mas, o primeiro que se surgir, destas estradas, paga!' "
É a vez do Demônio.
O bando chega à fazenda Barbaranha.
Pág. 468 - "Mas não desordeei nem coagi, não dei em nenhuma desb raga. Eu não estava com gosto de aperrear ninguém. E o fazendeiro, senhor dali, de dentro saiu, veio saudar, convidar para a hospedagem, me deu grandes recebimentos."
Pág. 469 - "E eu entrei com ele na casa da fazenda, para ela pedindo em voz alta a proteção de Jesus. Onde tive os usuais agrados, com regalias de comida em mesa. Sendo que galinha e carnes de porco, farofas, bons quitutes ceamos, sentados, lá na sala. Diadorim, eu, João Goanhá, Marcelino Pampa, João Concliz, Alaripe e uns outros, e o menino pretinho Guirigó mais o cego Borromeu - "
Depois de observar que havia três moças na sala, Riobaldo, para espanto e medo da família, ordena que a mais nova e mais bonita se aproxime. Então sentencia:
Pág. 473 - " 'Menina, tu há de ter nôivo correto, bem apessoado e trabalhador, quando for hora, conforme tu merece e eu rendo praça, que votos faço... Não vou estar por aqui, no dia, para festejar. Mas, em todo tempo, vocês, carecendo, podem mandar chamar minha proteção, que está prometida - igual eu fosse padrinho legítimo em bôdas!' "
Depois de jantarem, em conversa, Riobaldo pede informações ao seo Ornelas.
Pág. 474 - "Ao que - isso era um fato possível? Ele não sabia. De Zé Bebelo, nem do Ricardão, nem do Hermógenes, ele não sabia nem a preposição."
Pág. 477 - "No outro dia, acordei com a boca amarga e oce, e o través de baixar alguma ordem comandando; esse dia com essa noite não se pertencia. Achamos, de recrutagem, os cavalos que pudemos - o que foram os dez, os burros e mulas também contados. O seo Ornelas honrava os atos."
Mas era preciso prosseguir viagem.
Pág. 478 - "Sincero o dito, a gente agradeceu, subindo todos em selas, e a limpo seguimos - a manhã ainda com diversas claridad3es. Seo Ornelas externou as despedidas, com o x'totó de foguetes, conforme se lembrou de mandar começar a soltação, cujos por bem uma meia-dúzia. O pessoal deu vivas, gloriando o mastro com a bandeira do santo. Ao que, pelo mais, puxei em frente, pondo meu cavalo: com espora, rédea e pernas. Deciso."
Pág. 479 - "E a gente ia indo, aquela comprida cavalhada."
Uma viagem tranquila, começaram a cantar:
Pág. 479 - Hei-de às armas, fechei trato
nas Veredas com o Cão.
Hei-de amor em seus destinos
conforme o sim pelo não.
Em tempo de vaquejada
todo gado é barbatão:
deu doideira na boiada
soltaram o Rei do Sertão...
Travessia dos Gerais
Tudo com armas na mão...
O Sertão é a sombra minha
e o rei dele é Capitão!...
A estrutura da cantiga, lembra, e muito, os vilancetes medievais, com versos redondilhos maiores, uma estrofe de quatro versos e uma outra com oito, nove ou dez versos, em geral.
Pág. 480 - "De todos, menos vi Diadorim: ele era o em silêncios. Ao de que triste: e como eu ia poder levar em altos aquela tristeza?"
Pág. 480 - "Aí se viu, em seus couros, um vaqueiro pessoalmente. A esse perfiz: - 'Amigo ô amigo, aqui é aqui?' Ao que ele confirmou: - 'Aqui, o senhor, meu senhor, os senhores estão nos andares do rio Urucúia...' "
Num casebre, os jagunços encontram uma mulher tão miserável que nem parir seu filho ela consegue. Riobaldo tem um gesto de generosidade e lhe dá uma cédula de dinheiro:
Pág. 483 - "- 'Toma, filha de Cristo, senhora dona: compra um agasalho para esse que vai nascer defendido e são, e que deve de se chamar Riobaldo...' "
Pág. 484 - "Com as lágrimas nos olhos, aquela mulher rebeijou minha mão... Alto eu disse, no me despedir: -'Minha Senhora Dona: um menino nasceu - o mundo tornou a começar!...' - e saí para as luas."
Novamente as dúvidas:
Pág. 485 - "O pacto nenhum - negócio não feito. A prova minha, era que o Demônio mesmo sabe que ele não há, só por só, que carece de existência. E eu estava livre limpo de contrato de culpa, podia carregar nômina; rezo o bendito!"
Enfim, Riobaldo vive na incerteza se empenhouou não sua alma com o Demônio. Mas ele sabe que Deus e o Diabo o habitavam.
Pág. 485 - "Acho que eu não era capaz de ser uma coisa só o tempo todo."
Logo a seguir, na caminhada, encontram um homem e Riobaldo sente muita vontade de o abater para aliviar o dedo. Propõe uma questão para o homem, pensando: se responder tal, morre; se não, vai perdoado. O homem dá a resposta correta e segue seu caminho. Mas Riobaldo se enfurece por não ter podido matar o homem. E reflete:
Pág. 487 - "... o demo então era eu mesmo? Desordenei quase, de minhas ideias."
Pág. 489 - " - 'Perdoei este; mas, o primeiro que se surgir, destas estradas, paga!' "
É a vez do Demônio.
forte e real, a dualidade que habita em todo aquele que é sincero consigo mesmo...
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