OS VISITANTES SE AGITAM COM AS REVELAÇÕES
Pág. 86 - "Stoever perguntou:
- Podes nos mostrar essas primeiras imagens?
- Se vocês quiserem, claro que posso; mas aviso que há fantasmas ligeiramente monstruosos - respondeu Morel."
Pág. 87 - "- Parabéns! - disse Alec. - Encontramos um crente.
Stoever replicou, sério:
- Imbecil, será que você não ouviu: Charlie também foi gravado."
"Trêmulo e ameaçador, Morel saiu da sala. Falavam aos gritos:
- Pronto - disse Dora. - Já o ofendeste. É preciso trazê-lo de volta.
- Parece mentira que tenhas feito isso com Morel."
(...)
"- Vocês não compreendem - gritou Stoever, enfurecido. - Com a máquina, ele gravou Charlie, e Charlie morreu; tomou os empregados da casa Schwachter e vários empregados morreram misteriosamente. Agora, diz que também nos fotografou!
- E não estamos mortos - retrucou Irene.
- Ele também se fotografou.
- Será que ninguém entende que é tudo uma brincadeira?"
(...)
Pág. 88 - "Ouvi falar no salão, na escada. Apagaram-se as luzes e a casa ficou numa lívida luz de amanhecer. Esperei, alerta. (...) Estive ali não sei quanto tempo, tremendo, aaté que comecei a andar (acho que para ouvir os meus passos e sentir que havia vida na casa), sem preceber que talvez estivesse justamente fazendo o que os meus presumíveis perseguidores tinham previsto."
Pág. 89 - "Por fim, difigi-me devagar, e em silêncio, para uma janela aberta; pulei e vim correndo."
"Quando cheguei aos baixios, experimentei um sentimento confuso de reprovação, por não ter fugido logo no primeiro dia, por ter querido averiguar os mistérios daquelas pessoas."
(...)
"Quem não desconfiaria de uma pessoa que dissesse: 'Eu e meus companheiros somos meras aparências, somos uma nova espécie de fotografias.' No meu caso, a desconfiança é ainda mais justificável: acusam-me de um crime, fui condenado à prisão perpétua e é possível que a minha capatura seja ainda a profissão de alguém, a sua esperança de melhorar burocraticamente."
(...)
"Sonhei com Faustine. O sonho era muito triste, muito emocionante. (...) Chorei durante o sonho e acordei com uma inconsolável desesperança ao ver que Faustine não estava ali e com o pranteado consolo de nos termos amado sem dissimulação. (...) O barco partira. Minha tristeza foi enorme, a ponto de resolver matar-me; mas, ao erguer os olhos, vi Stoever, Dora e, depois, outros mais na beira da colina."
(...)
"Senti repugnância, quase nojo por aquela gente e sua incansável e repetida atividade. apareceram muitas vezes, lá em cima, na beira do morro. Estar numa ilha habitada por fantasmas artificiais era o mais insuportável dos pesadelos; estar apaixonado por uma dessas imagens era pior do que estar apaixonado por um fantasma (talvez sempre tenhamos querido que a pessoa amada atenha uma existência de fantasma)."
Blog de Literatura do escritor Menalton Braff, autor de 26 livros e vencedor do Prêmio Jabuti 2000.
Páginas
- ALÉM DO RIO DOS SINOS
- AMOR PASSAGEIRO
- Noite Adentro
- O Peso da Gravata
- Castelo de Areia
- Pouso do Sossego
- Bolero de Ravel
- Gambito
- O fantasma da segundona
- O casarão da Rua do Rosário
- Tapete de Silêncio
- À sombra do cipreste
- Antes da meia-noite
- Castelos de papel
- A coleira no pescoço
- Mirinda
- A Muralha de Adriano
- Janela aberta
- A esperança por um fio
- Na teia do sol
- Que enchente me carrega?
- Moça com chapéu de palha
- Como peixe no aquário
- Copo vazio
- No fundo do quintal
- Na força de mulher
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