domingo, 3 de junho de 2012

SALÃO DE IDÉIAS REPERCUTE

Ou a literatura se aproxima da poesia ou morre,
afirma Menalton Braff

LUÍS EBLAK
EDITOR DA “FOLHA RIBEIRÃO”
“Daqui a 50 anos, o eixo vai sair do enredo e vai prevalecer a linguagem. Ou a literatura se aproxima da poesia, ou ela morre.”
A frase, dita em tom de profecia, é do escritor Menalton Braff, que falou na manhã deste sábado ao público presente no auditório do Theatro Pedro 2º durante a Feira do Livro de Ribeirão Preto.
“Só contar histórias não será suficiente. A TV já faz isso, o cinema faz. É muito mais fácil você ver um filme do que ler um livro”, completou depois, em entrevista à Folha.
A consequência desse processo será a diminuição de seu público. “Só vai ler literatura quem tiver gosto pela palavra, pela linguagem”, enfatizando que isso irá elitizar ainda mais o romance.
Na visão de Menalton, autor de 18 livros –o mais recente, “Tapete de Silêncio”–, essa revalorização da poesia já vem sendo feita no Brasil. Segundo ele, escritores como Guimarães Rosa (1908-67) e Clarice Lispector (1920-77) foram os precursores disso.

“Essa aproximação entre a narrativa literária e a poesia é a prosa elevada ao seu mais alto grau, é a prosa com beleza”, disse.
Vencedor do Prêmio Jabuti de 2000 com o livro de contos “À Sombra do Cipreste”, Menalton fez a declaração após explicar ao público que, no início de sua carreira de escritor, já colocou a denúncia social acima da estética.
“No início, fui panfletário. Falar do social era mais importante do que a forma.”
Com tempo, afirmou o romancista e colunista da “Carta Capital”, mudou de posição e defende hoje a estética acima do enredo. “Não sou empedernido. Mudo de opinião. A denúncia social não pode estar acima da linguagem. Literatura é linguagem.”
Ainda nos anos 80, Menalton publicou os livros “Janela Aberta” e “Na Força de Mulher” com pseudônimo Salvador dos Passos. Em entrevistas anteriores, ele declarou que seu nome de batismo era germânico demais para falar sobre os problemas daquele Brasil do final do regime militar (1964-85).
Em agosto, Menalton deve lançar na Bienal do Livro de São Paulo seu 19º livro, o romance “O Casarão da Rua do Rosário”.
POLITICAMENTE INCORRETO
Mais cedo, no mesmo local, o jornalista e escritor Júlio José Chiavenato falou sobre seu livro “Nada não, Só Câncer”, lançado no evento com distribuição gratuita de cerca de cem exemplares.
O livro reúne 17 contos do autor –também colaborador do jornal “A Cidade”, de Ribeirão Preto– que tratam de histórias de doentes com câncer sem a preocupação do politicamente correto.
Leia na edição de amanhã da “Folha Ribeirão” reportagem e crítica sobre “Nada Não, Só Câncer” (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

Fonte: Folha.com – Em cima da hora – Principal

2 comentários:

  1. Se para sobreviver a literatura tiver, e eu concordo contigo que precisa mesmo,deve primar pela estética, aí irá se ampliar um problema presente lá no futuro: a formação de leitores LITERÁRIOS.
    Hoje essa formação está bem caótica, principalmente porque o educador da área está sendo mal formado, certas feiras de livro usam o livro no nome mas destacam os shows musicais e há a massificação do público para o imediatismo pobre da televisão e outros meios.
    Como dito por você, Menalton, a literatura vai caminhando para a elitização, para aqueles que tiverem o sublime gosto pela palavra.

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    1. Na verdade, Vítor, acho que não se pode falar em uma elitização futura da literatura, se atualmente a literatura, mas a alta literatura, já é usufruída por uma pequena parcela da população. Os que leem literatura já formam uma elite.

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