sábado, 15 de setembro de 2012

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (26)

ROMAN JAKOBSON
Refutação da teoria jakobsoniana da função poética da linguagem

Págs. 63 a 65 - "A teoria de Roman Jakobson sobre a função poética da linguagem, embora tenha suscitado múltiplas e variadas críticas, converteu-se nos últimos anos num dos 'lugares clássicos' da teoria da literatura, aparecendo frequentemente exposta, sobretudo em livros de natureza didáctica, como uma verdade científica não susceptível de ser contraditada. Pensamos, pelo contrário, que se trata de uma teoria fragilmente fundamentada, com uma formulação equívoca e carecente de rigor coneptual, destituída de capacidade descritiva e explicativa em relação ao seu explanandum - o texto literário.
Vejamos, em primeiro lugar, o tratamento concedido por Jakobson ao
 problema geral das funções da linguagem.
A classificação e a descrição das funções da linguagem propostas por Jakobson fundam-se em factores de natureza comunicativa, pois cada uma de tais funções corresponde, em seu entender, a uma relação específica estabelecida entre a mensagem e cada uma das instâncias determinadas pela teoria matemática da comunicação em qualquer processo comunicativo. A fim de poder alicerçar e desenvolver a sua teoria, em que o termo 'função' apresenta um significado teleonómico, Jakobson não só é obrigado a considerar como um dos 'factores inalienáveis da comunicação verbal' o contexto, instância que não figura no chamado modelo canónico da comuncação proposto por Shannon e Weaver na sua obra The mathematical theory of communication (...) , nem em modelos do processo comunicativo derivados daquele modelo, mas que se tornava indispensável para permitir fundamentar a função referencial da linguagem, como também é compelido a conceituar a mensagem como um factor sistémica e funcionalmente equivalente aos restantes factores do processo comunicativo, porque só assim poderia fundamentar e caracterizar a função poética. Ora, num modelo do processo comunicativo, a mensagem não pode ser considerada, sob o ponto de vista ontológico e funcional, como factor equipolente em relação a factores como o emissor, o receptor, o código, etc., pois que ela é o produto, o resultado exactamente da interação desses outros factores."

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