E continuamos com as refutações de Vitor Manuel à teoria jakobsionana.
Págs. 66 e 67 - "Mais grave, porém sob o ponto de vista lógico, é o facto de Jakobson, ao estabelecer e explicar as funções da linguagem através da teoria matemática da comunicação, ser necessariamente condizido a propor a dilucidação de um explanandum mediante um explanans em que aquele figura sob a designação de 'código'. No quadro daquela teoria, só é possível atribuir logicamente à linguagem/código uma única função - a função comunicativa.
O modo como Jakobson explica a origem e caracteriza a natureza das diversas funções que distingue na linguagem não prima pelo rigor analítico, nem pela clareza conceitual e terminológica. Afirma que 'cada um destes seis factores [os já mencionados 'factores inalienáveis da comunicação verbal'] faz nascer uma função linguística diferente.' Em relação à função poética, esta asserção representa, como já vimos, um absurdo lógico, pois que equivale a dizer que a mensagem poética é originada pelo factor 'mensagem', como se este factor preexistisse, num acto comunicativo, à mensagem produzida nesse mesmo acto,. Mas como originam aqueles factores as diversas funções da linguagem? Jakobosn utiliza a este respeito espressões vagas e ambíguas como: 'a orientação para o contexto - em suma, a função chamada [...] referencial'; 'a função chamada 'expressiva' ou emotiva, centrada no emissor, tem por fim uma expressão directa da atitude do sujeito'; 'a orientação para o destinatário, a função conativa'; 'esta acentuação do contacto - a função fáctica'; 'a orientação para a mensagem enquanto tal [...] é o que define a função poética da linguagem'. Como se verifica, a especificação de cada função resulta da 'orientação' da mensagem para um dado factor do processo comunicativo, da especial 'acentuação' ou 'ênfase' (focus on) com que figura na mensagem um dos referidos 'factores inalienáveis da comunicação verbal'. O que significam, em tais expresssões, vocábulos como 'orientação', 'acentuação', 'ênfase'? Quem são os agentes e os juízes destas características? Jakobson afirma que 'a estrutura verbal de uma mensagem depende antes de tudo da função predominante', mas não estabelece qualquer conjunto de propriedades linguísticas que possibilitem distinguir seguramente, por exemplo, uma mensagem em que predomine a função referendcial de uma outra mensagem em que predominem a função emotiva ou a função metalinguística. A extensão à problemática das funções da linguagem da teoria formalista da dominante permitiu superar a antinomia entre linguagem quotidiana (ou habitual, vulgar, etc.) e linguagem poética, visto que substitui esta diferenciação binária de género por uma diferenciação de grau inscrita na continuidade da langue, mas não proporcionou qualquer critério científico que permita configurar e apreender com exactidão as marcas da predominância das diversas funções. "
(CONTINUA)
Págs. 66 e 67 - "Mais grave, porém sob o ponto de vista lógico, é o facto de Jakobson, ao estabelecer e explicar as funções da linguagem através da teoria matemática da comunicação, ser necessariamente condizido a propor a dilucidação de um explanandum mediante um explanans em que aquele figura sob a designação de 'código'. No quadro daquela teoria, só é possível atribuir logicamente à linguagem/código uma única função - a função comunicativa.
O modo como Jakobson explica a origem e caracteriza a natureza das diversas funções que distingue na linguagem não prima pelo rigor analítico, nem pela clareza conceitual e terminológica. Afirma que 'cada um destes seis factores [os já mencionados 'factores inalienáveis da comunicação verbal'] faz nascer uma função linguística diferente.' Em relação à função poética, esta asserção representa, como já vimos, um absurdo lógico, pois que equivale a dizer que a mensagem poética é originada pelo factor 'mensagem', como se este factor preexistisse, num acto comunicativo, à mensagem produzida nesse mesmo acto,. Mas como originam aqueles factores as diversas funções da linguagem? Jakobosn utiliza a este respeito espressões vagas e ambíguas como: 'a orientação para o contexto - em suma, a função chamada [...] referencial'; 'a função chamada 'expressiva' ou emotiva, centrada no emissor, tem por fim uma expressão directa da atitude do sujeito'; 'a orientação para o destinatário, a função conativa'; 'esta acentuação do contacto - a função fáctica'; 'a orientação para a mensagem enquanto tal [...] é o que define a função poética da linguagem'. Como se verifica, a especificação de cada função resulta da 'orientação' da mensagem para um dado factor do processo comunicativo, da especial 'acentuação' ou 'ênfase' (focus on) com que figura na mensagem um dos referidos 'factores inalienáveis da comunicação verbal'. O que significam, em tais expresssões, vocábulos como 'orientação', 'acentuação', 'ênfase'? Quem são os agentes e os juízes destas características? Jakobson afirma que 'a estrutura verbal de uma mensagem depende antes de tudo da função predominante', mas não estabelece qualquer conjunto de propriedades linguísticas que possibilitem distinguir seguramente, por exemplo, uma mensagem em que predomine a função referendcial de uma outra mensagem em que predominem a função emotiva ou a função metalinguística. A extensão à problemática das funções da linguagem da teoria formalista da dominante permitiu superar a antinomia entre linguagem quotidiana (ou habitual, vulgar, etc.) e linguagem poética, visto que substitui esta diferenciação binária de género por uma diferenciação de grau inscrita na continuidade da langue, mas não proporcionou qualquer critério científico que permita configurar e apreender com exactidão as marcas da predominância das diversas funções. "
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