O mundo assistiu estarrecido às cenas de policiais retirando
crianças ainda vivas de uma escola primária no interior dos Estados Unidos. O
presidente Obama não conteve uma lágrima que lhe escapou em frente a um
fotógrafo. Não é demonstração de fraqueza?, perguntarão alguns. E outros, que
não ouviram a pergunta, dirão: Que coisa mais latina, guy! Estão falando em 27
vítimas, sendo 20 crianças sacrificadas antes dos 10 anos de idadeEsses os
fatos.
Casualmente na mesma
página da internet onde agora leio tais notícias, do lado direito, em posição
inferior, aparece uma foto com o título de “Natal pelo mundo”. E o que se vê? É
isso mesmo que você já imaginou: um papai-noel fazendo sinal de positivo e, em
segundo plano, um casal sorridente exibindo duas armas de guerra, a mim, que de
arma nada entendo, pareciam duas metralhadoras. Um canhão antiaéreo, ao lado do
vovô vestido de vermelho, está querendo furar o céu. E sei que a foto se refere
aos Estados Unidos porque está escrito, e não tenho motivos para duvidar.
Bem, e daí? Daí que é
espantoso eles não entenderem as razões da própria desgraça.
E antes que alguém me
acuse de superficialidade, o que me acontece com frequência, declaro que isto
aqui é uma crônica, um texto opinativo, assumido por uma pessoa física, este
que voz fala e que assina como autor. Não é um ensaio sobre a violência, não é
um estudo psicológico sobre serial killers, não se trata de análise sociológica
sobre o que pode levar alguém a detestar a humanidade. É apenas a opinião de
alguém muito desconfiado que pretende entender os fatos.
Então começa minha
investigação de amador.
Em determinada época,
qual o tema predominante dos estúdios de Hollywood? Além dos bang-bang rurais,
aqueles de cowboys matando bandidos, os tiroteios pelas ruas de alguma cidade,
as correrias de automóveis perseguidos e em perseguição. Tudo com muita pólvora
e muito palavrão. O revólver, podem crer, virou símbolo fálico, e a
masculinidade passou a depender desse instrumento de morte. O coldre é uma
vagina portátil, à disposição o tempo todo. Você ri?, procure entender alguma
coisa mais do Freud.
Vocês já repararam
que todo serial killer é do gênero masculino? Ou quase todo, não me lembro de
exceções. E isso não diz nada?
Mas tem mais. A
indústria bélica dos Estados Unidos é a mais desenvolvida do mundo. Tem um peso
específico impressionante na economia norte-americana. Na década de 1960,
última vez que vi estatística a respeito, eram cerca de 70% do total da
indústria daquele país. Bem, hoje você pode me contestar dizendo que não passa
de 20, 30%. Não, claro que não vou acreditar, mas dou de barato. Que sejam,
20%. Alguém pode imaginar que um colosso como são os 20% da maior economia do
mundo sobreviva sem publicidade?
Sei que é um
raciocínio cruel, mas não consigo pensar de maneira diferente.
Os Estados Unidos
caíram em sua própria armadilha e não há mais jeito de escapar. Para viverem
alguns milhares de empregados da indústria bélica, eles precisam todos os dias,
durante 24 horas, fazer propaganda da morte. A legenda implícita da imagem que
encontrei na internet só pode ser: “No Natal, dê metralhadoras de presente a
seus amigos.” Mas qual a ética régia de uma legenda como essa? Se você disse
que é a ética do lucro, você, na minha opinião, acertou na mosca. E sem lucro
não há capitalismo. E sem capitalismo não há Estados Unidos.
Eis exposto sem
pretensões científicas o drama norte-americano. Para sobreviverem, precisam de
carne humana como alimento. Ainda que seja de crianças.
Esse espetáculo,
tantas vezes repetido, não vai parar por aí. Mesmo que o mundo se acostume com
essas notícias e não lhes dê mais espaço na mídia.
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