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por Menalton Braff — publicado
09/09/2013 16:09
Como estudar demanda certo esforço, nós aqui em Bruzundanga
preferimos inventar a roda
Nada existe no vasto universo
cuja invenção mais vezes se repita do que a roda. Toda hora aparece alguém
imaginando que, desgastando-se os cantos do quadrado até encontrar uma figura
com todos os pontos equidistantes do centro, pode-se obter a forma perfeita.
Tempos atrás assisti a uma
entrevista com um diretor do cinema nacional em que ele afirmou, com o olhar de
quem acabava de inventar a roda, que muito já se falou dos excluídos e que o
novo passo adiante, dado por ele, evidentemente, era mostrar o excluído falando
de si mesmo.
Há vários enfoques que o assunto merece, e nosso espaço é limitado. Mas vamos lá. Seria bom que o diretor em causa se lembrasse do cinema italiano, em sua vertente neo-realista. Em 1978, cerca de trinta e poucos anos atrás, o diretor Ermanno Olmi dava à luz o premiadíssimo A árvore dos tamancos. E seu filme era uma novidade. O elenco era formado pelos camponeses de uma aldeia na província de Bérgamo, na Itália. Não havia atores profissionais. Figurantes, protagonistas e antagonistas eram todos habitantes do local em que se desenrolava a história.
Há vários enfoques que o assunto merece, e nosso espaço é limitado. Mas vamos lá. Seria bom que o diretor em causa se lembrasse do cinema italiano, em sua vertente neo-realista. Em 1978, cerca de trinta e poucos anos atrás, o diretor Ermanno Olmi dava à luz o premiadíssimo A árvore dos tamancos. E seu filme era uma novidade. O elenco era formado pelos camponeses de uma aldeia na província de Bérgamo, na Itália. Não havia atores profissionais. Figurantes, protagonistas e antagonistas eram todos habitantes do local em que se desenrolava a história.
E mesmo isso, essa ânsia do
artista em copiar a realidade, em reduzir a arte a mera reprodução do
existente, me parece um equívoco. Para não entrar numa discussão em que
Schopenhauer afirma não conhecermos o mundo, mas a representação que dele
fazemos, me valho da sabedoria de um dos maiores intelectuais que já nasceram
neste país: Mário de Andrade.
É de seu “Prefácio
interessantíssimo” a seguinte passagem: “Belo da arte: arbitrário,
convencional, transitório − questão de moda. Belo da natureza: imutável,
objetivo, natural − tem a eternidade que a natureza tiver. Arte não consegue
reproduzir natureza, nem este é seu fim.”
Precisa mais?
Como estudar demanda certo
esforço, nós aqui em Bruzundanga preferimos inventar a roda. Tem gente por aí,
e gente muito importante no universo literário, achando que encher uma página
de palavrões é o canal, significa modernidade. Apollinaire, Aretino, o próprio
Jorge Amado, nessa hora, entortam a boca em sorriso de mofa. E “sorriso de
mofa”, não vai tornando-se já um palavrão?
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