sábado, 14 de dezembro de 2013

QUINTO CAPÍTULO

Publicamos, a seguir, o texto escolhido como quinto capítulo do e-book coletivo do projeto "Uma história, várias mãos":


Marina respirou fundo e olhou nos olhos de Ricardo.

− O que está acontecendo entre a gente? O que foi?

Ricardo se fez de desentendido.

−  Oi? Como assim?

− Você sabe! Marina fazia parte da ‘turma da paz’, mas ficava extremamente nervosa quando  os outros queriam faze-la de idiota. - Você está se afastando de mim, cada vez mais.

− Estou normal. Mais normal do que deveria estar.

− Ah, tá. Meu melhor amigo para de falar comigo e eu vou aceitar. Vou me afastar também, disse em tom sarcástico.


−  Marina, pode ter alguém nos observando neste momento. E depois eu vou ter que pagar pelo que estou fazendo. Não sei o que vou pagar exatamente, só sei que isso pode acontecer.

−  Ahan? Se você estiver me zoando, Ricardo, sério mesmo, eu vou...

Ricardo olhou em volta preocupado. Suas mãos suavam, e ele não sabia o que fazer. O cara do bilhete podia aparecer a qualquer momento, apresentando o preço que Ricardo iria pagar por não se afastar da garota. Gostava tanto de Marina, a sua melhor amiga, e se afastar dela estava 
torturando-o. Resolveu abrir o jogo. “Ela vai ficar sabendo de qualquer jeito. Melhor saber por mim”, pensou o garoto.

− Recebi esse bilhete, olha!

Ricardo entregou o bilhete a Marina. Os olhos dela demonstravam surpresa. Ela leu o que estava escrito no pequeno papel e o entregou de volta.

− Bom, você fez certo. Se afastou. Mas errou em uma coisa: não me avisou, não me ligou, não atendeu minhas ligações! Poderia ter me falado pelo celular!

− Desculpa. Eu estava com medo. Agora, eu acho que a gente deve se afastar um pouco e só se falar por telefone, em casa, e não desgruda do seu celular. Enquanto isso, eu tento descobrir quem foi e você faz a mesma coisa. Ok?

− Tá bom. E agora?

− Não nos falamos mais, vamos embora sem dizer uma palavra. O escritor do bilhete pode estar  aqui, nos olhando. Tchau, Má.

− Tchau. Então os dois se viraram decididos. Marina foi para casa pedir ajuda ao silêncio de seu quarto, e Ricardo, ao contrário, já sabia o que fazer, mas só contaria a Marina pelo telefone. Entraria na secretaria, levaria o seu pen-drive e pegaria os registros das câmeras no dia em que o bilhete foi colocado em cima de sua carteira. Finalmente, saberiam quem estava por trás do bilhete. Chegou em casa e olhou para o pai, que o encarava curioso.

− Que foi, filho? Viu um passarinho verde, é?

− Melhor. Vi a Marina, e já achei a solução para descobrir quem escreveu o bilhete.

− E qual é?

− Entrar na secretaria, pegar as gravações das câmeras no dia em que recebi o bilhete e passá-las para o meu pen-drive.

 O pai refletiu por um instante e sorriu.

− Não vou conseguir te impedir, então vai em frente. Mas, cuidado! se você for expulso...

− Não vou. Obrigado, pai. Vou ligar pra Marina. Subiu as escadas e ligou para Marina. Contou o plano todo, detalhe por detalhe.

− Ah, Ricardo, isso é PERFEITO! Eu fico de vigia?

− Não, o cara do bilhete pode estar te vigiando.

− Claro que não. Eu vou participar. Amanhã, ás 3 da tarde. Beijo.

− Mas você...


Marina desligara o celular antes de Ricardo terminar de falar qualquer coisa. Ele sorriu, surpreso com a determinação de sua melhor amiga.

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