Publicamos, a seguir, o texto escolhido como quinto capítulo do e-book coletivo do projeto "Uma história, várias mãos":
Marina respirou fundo e olhou nos olhos de Ricardo.
− O que está acontecendo entre a gente? O que foi?
Ricardo se fez de desentendido.
− Oi? Como assim?
− Você sabe! Marina fazia parte da ‘turma da paz’, mas
ficava extremamente nervosa quando os
outros queriam faze-la de idiota. - Você está se afastando de mim, cada vez
mais.
− Estou normal. Mais normal do que deveria estar.
− Ah, tá. Meu melhor amigo para de falar comigo e eu vou
aceitar. Vou me afastar também, disse em tom sarcástico.
− Marina, pode ter
alguém nos observando neste momento. E depois eu vou ter que pagar pelo que
estou fazendo. Não sei o que vou pagar exatamente, só sei que isso pode
acontecer.
− Ahan? Se você
estiver me zoando, Ricardo, sério mesmo, eu vou...
Ricardo olhou em volta preocupado. Suas mãos suavam, e ele
não sabia o que fazer. O cara do bilhete podia aparecer a qualquer momento,
apresentando o preço que Ricardo iria pagar por não se afastar da garota.
Gostava tanto de Marina, a sua melhor amiga, e se afastar dela estava
torturando-o. Resolveu abrir o jogo. “Ela vai ficar sabendo de qualquer jeito.
Melhor saber por mim”, pensou o garoto.
− Recebi esse bilhete, olha!
Ricardo entregou o bilhete a Marina. Os olhos dela
demonstravam surpresa. Ela leu o que estava escrito no pequeno papel e o
entregou de volta.
− Bom, você fez certo. Se afastou. Mas errou em uma coisa:
não me avisou, não me ligou, não atendeu minhas ligações! Poderia ter me falado
pelo celular!
− Desculpa. Eu estava com medo. Agora, eu acho que a gente
deve se afastar um pouco e só se falar por telefone, em casa, e não desgruda do
seu celular. Enquanto isso, eu tento descobrir quem foi e você faz a mesma
coisa. Ok?
− Tá bom. E agora?
− Não nos falamos mais, vamos embora sem dizer uma palavra.
O escritor do bilhete pode estar aqui,
nos olhando. Tchau, Má.
− Tchau. Então os dois se viraram decididos. Marina foi para
casa pedir ajuda ao silêncio de seu quarto, e Ricardo, ao contrário, já sabia o
que fazer, mas só contaria a Marina pelo telefone. Entraria na secretaria,
levaria o seu pen-drive e pegaria os registros das câmeras no dia em que o
bilhete foi colocado em cima de sua carteira. Finalmente, saberiam quem estava
por trás do bilhete. Chegou em casa e olhou para o pai, que o encarava curioso.
− Que foi, filho? Viu um passarinho verde, é?
− Melhor. Vi a Marina, e já achei a solução para descobrir
quem escreveu o bilhete.
− E qual é?
− Entrar na secretaria, pegar as gravações das câmeras no
dia em que recebi o bilhete e passá-las para o meu pen-drive.
O pai refletiu por um
instante e sorriu.
− Não vou conseguir te impedir, então vai em frente. Mas,
cuidado! se você for expulso...
− Não vou. Obrigado, pai. Vou ligar pra Marina. Subiu as
escadas e ligou para Marina. Contou o plano todo, detalhe por detalhe.
− Ah, Ricardo, isso é PERFEITO! Eu fico de vigia?
− Não, o cara do bilhete pode estar te vigiando.
− Claro que não. Eu vou participar. Amanhã, ás 3 da tarde.
Beijo.
− Mas você...
Marina desligara o celular antes de Ricardo terminar de
falar qualquer coisa. Ele sorriu, surpreso com a determinação de sua melhor
amiga.
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