Depois de um longo intervalo por questões de saúde, voltamos às ideias do Dr. Vítor Manuel de Aguiar e Silva sobre literatura.
Pág. 178 - "Sob o ponto de vista ideológico, a paraliteratura, a literatura popular, a Trivialliteratur, etc., apresentam-se como fenómenos heterogéneos e variáveis histórica e sociologicamente. Pode-se afirmar, porém, que os seus textos são predominantemente de cariz conservador, desempenhando uma função corroborativa dos valores culturais e sociais das comunidades e dos grupos que os produzem e consomem. Eventualmente, todavia, os textos paraliterários podem veicular informação revolucionária.
Um caso peculiar é constituído por determinados textos da 'literatura não-canónica' que, devido à sua transgressividade ética e semântica, têm circulado em todas as épocas como textos clandestinos ou semiclandestinos, como mensagens underground ou, pelo menos, como mensagens 'toleradas', objeto de persistente repressão por parte do poder religioso, político e social. Referimo-nos a textos que representam, com transgressão das normas e convenções instituídas socialmente, a vida sexual. Os textos eróticos e obscenos desta literatura underground, marcados pela transgressividade linguística e estilística - pense-se, por exemplo, na poesia erótica e obscena do barroco -, misturando frequentemente a paródia, o grotesco e a sátira, ridicularizam, corroem e dilaceram a ordem estabelecida, a começar pela ordem da língua (cf. Guido Almansi, L'estetica dell'osceno, Torino, Einaudi, 1974). Esta literatura marginal e marginada, todavia, tem pouco, ou nada, a ver com a Trivialliteratur."
Com este fragmento, encerramos o capítulo 2 - O sistema semiótico literário.
(CONTINUA)
A partir da próxima postagem, estaremos transcrevendo fragmentos do capítulo 3 - A comunicação literária.
Pág. 178 - "Sob o ponto de vista ideológico, a paraliteratura, a literatura popular, a Trivialliteratur, etc., apresentam-se como fenómenos heterogéneos e variáveis histórica e sociologicamente. Pode-se afirmar, porém, que os seus textos são predominantemente de cariz conservador, desempenhando uma função corroborativa dos valores culturais e sociais das comunidades e dos grupos que os produzem e consomem. Eventualmente, todavia, os textos paraliterários podem veicular informação revolucionária.
Um caso peculiar é constituído por determinados textos da 'literatura não-canónica' que, devido à sua transgressividade ética e semântica, têm circulado em todas as épocas como textos clandestinos ou semiclandestinos, como mensagens underground ou, pelo menos, como mensagens 'toleradas', objeto de persistente repressão por parte do poder religioso, político e social. Referimo-nos a textos que representam, com transgressão das normas e convenções instituídas socialmente, a vida sexual. Os textos eróticos e obscenos desta literatura underground, marcados pela transgressividade linguística e estilística - pense-se, por exemplo, na poesia erótica e obscena do barroco -, misturando frequentemente a paródia, o grotesco e a sátira, ridicularizam, corroem e dilaceram a ordem estabelecida, a começar pela ordem da língua (cf. Guido Almansi, L'estetica dell'osceno, Torino, Einaudi, 1974). Esta literatura marginal e marginada, todavia, tem pouco, ou nada, a ver com a Trivialliteratur."
Com este fragmento, encerramos o capítulo 2 - O sistema semiótico literário.
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