terça-feira, 4 de março de 2014

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (87)

Charles Morris
Vítor Manuel de Aguiar e Silva. Teoria da Literatura. 6ª ed. Livraria Almedina: Coimbra, 1984.

O capítulo 3, que ora iniciamos, trata da comunicação literária.
Pág. 181

"3.I. Semiose e comunicação

Todo o processo de semiose - isto é, todo o processo em que algo (veículo sígnico) funciona como sinal de um designatum (aquilo a que o sinal se refere), produzindo um determinado efeito ou suscitando uma determinada resposta (interpretante) nos agentes (intérprete) do processo semiótico - apresenta necessariamente, segundo o modelo proposto por Charles Morris, três dimensões, ou níveis, que constituem parâmetros diferenciados, implicando-se e condicionando-se reciprocamente, de um processo unitário: a dimensão sintáctica (relação formal dos sinais uns com os outros; a dimensão semântica (relação dos veículos sígnicos com os seus designata e, quando for caso disso, com os seus denotata, isto é, com os objetos realmente existentes representados pelos designata); a dimensão pragmática (relação dos sinais com os interpretantes e, portanto, com os intérpretes). "

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"Pág. 182 - (...) a semiose só é possível no âmbito de sistemas de significação e de comunicação, isto é, no âmbito de 'any inter-subjective set of sign vehicles whose usage is determined by syntactical, semantical, and pragmatical rules'. Mais especificamente, a dimensão pragmática da semiose implica que todo o texto, na acepção semiótica de sequência de sinais ordenados segundo as regras de determinado código, se constitua e funcione como tal apenas no quadro de um sistema de comunicação - quadro em que um intérprete , segundo o significado morrisiano do termo, representa a instância da produção semiótica e em que outro(s) representa(m) a instância da recepção. Os textos da semiose estética, embora dentro de um condicionalismo peculiar, não podem deixar de ser, por conseguinte, fenómenos de comunicação.
Entendimento diverso só seria possível, se se aceitasse como teoricamente convalidado o solipsismo . isto é, 'a doutrina que põe em dúvida não somente a existência independente de uma realidade diferente da da subjectividade pensante, mas também a de qualquer subjectividade diversa da da pessoa que fala. Não só afirma que toda a realidade se reduz aos estados de um sujeito em geral, mas também que não existe senão um único sujeito e os seus estados de consciência, e se se aceitasse, como consequência lógica do solipsismo, a existência de linguagens privadas, ou seja, linguagens cuja compreensão se restringiria, por razões substantivas, ao seu único utente, de modo que tais linguagens seriam de iure privadas e não apenas de facto privadas."

(CONTINUA)




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