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Umberto Eco |
Continuação das questões de distinção entre semiologia da comunicação e da significação.
Pág. 189 - "A possibilidade e mesmo a necessidade de conciliar a semiologia da comunicação e a semiologia da significação têm sido reiteradamente advogadas por Luis J. Prieto, um dos mais argutos leitores de Buyssens e a quem se devem análises de exemplar rigor metodológico sobre os mecanismos de constituição e funcionamento dos sistemas semióticos. Prieto considera óbvio ('evident sans plus') o interesse de uma semiologia da significação, mas tal reconhecimento não implica de qualquer modo a desvalorização - e ainda menos a rejeição - de uma semiologia da comunicação, pois que, em seu entender, esta disciplina deve mesmo proporcionar à semiologia da significação 'um modelo muito mais apropriado do que aquele que lhe fornece a linguística.'
Pág. 190 - Este controvertido problema encontrou, parece-nos, uma solução coerente no Trattato di semiotica generale de Umberto Eco. Segundo Eco, é possível conceber, no plano das puras construções teóricas, sistemas de significação com 'modalidades de existência totalmente abstractas, independentes de qualquer acto de comunicação que as actualiza', mas já não é possível conceber um processo de comunicação que não pressuponha, como condição necessária, um sistema de significação. Sendo assim, torna-se teoricamente possível estabelecer uma semiótica da significação independente de uma semiótica da comunicação, mas não será possível o inverso. Todavia, como Eco sublinha, nos processos culturais - e pensamos que o mesmo se verifica no domínio da semiose biológica - os fenómenos da significação e da comunicação encontram-se inextricavelmente conexionados, motivo por que se nos afigura que a oposição entre sistemas de significação e sistemas de comunicação, seja qual for o processo de semiose considerado, constitui uma falsa aporia. Podemos mesmo afirmar que o processo da significação só existe como fenómeno semiótico, como fenómeno cultural ou culturalizado e como eventual objecto de uma teoria científica, na medida em que se integrar e manifestar num processo de comunicação (que pode ser um processo de autocomunicação)."
(CONTINUA)
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