QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (117)

John Searle

3.7. O sistema e o código literários

Sem um código literário, não existiria emissor, mensagem, tampouco receptor literários.
Para o emissor, o código é um programa (instruções, operações ordenadas) atendendo ao qual ele poderá produzir um texto literário.
Para o receptor, o código também representa um programa para que saiba ao ler que está lendo um texto literário.
John Searle faz a distinção entre regras constitutivas (que nortearão o emissor) das regras normativas que asseguram ao receptor uma leitura literária.

Transcrevemos um parágrafo do prof. Vítor Manoel, de seu Teoria da Literatura, página 255: "O modelo do sistema semiótico literário e do policódigo literário que descrevemos no capítulo anterior representa mecanismos semióticos de natureza pancrónica , isto é, mecanismos semióticos cuja existência e cuja dinâmica funcional são transcendentes em relação às mutações históricas e às variações geográficas e sociais do fenómeno literário. (...)
Resumindo: existe uma variabilidade do que seja literatura no tempo e no espaço. O que foi ontem pode não ser mais hoje, e o que é hoje pode nem sempre ter sido. E o mesmo ocorre no espaço geográfico e/ou social. Entretanto, e isso é importante, existem no modelo do sistema semiótico literário elementos comuns, isto é, invariáveis. E um desses elementos comuns são as línguas naturais, que funcionam como sistema modelizante primário.
Transcrevendo, da página 256: "...o sistema semiótico literário, como todos os sistemas culturais, é um sistema em comunicação contínua, embora sob modalidades e com ritmos historicamente heterogéneos, com a biosfera, com a psicosfera e com a sociosfera, isto é, com um universo antropocultural constituído por uma complexa rede, historicamente produzida, de sistemas semióticos interligados."