domingo, 26 de abril de 2015

ADELINO MAGALHÃES



PARA ENTENDER ADELINO MAGALHÃES

Acabei de ler o terceiro livro de Adelino Magalhães, Visões, Cenas e perfis. 
Tenho a impressão de que começo a entender o esquecimento sofrido pelo autor. Sua literatura, à época, deve ter chocado o público leitor, não pelo que continha, mas justamento o contrário, pelo que lhe faltava.




Seus textos, belíssimos, por sinal, em tudo modernos, tanto na utilização dos temas como na liberdade de linguagem, são reflexões a respeito de cenas de rua, (Sempre de sua Sebastianópolis, como chamava o Rio de Janeiro) de aglomerações festivas em casas particulares, sem jamais se preocupar em construir física ou psicologicamente suas personagens. Ou seja, não são essas que o interessam, mas aquilo que pode extrair do fundo dos acontecimentos somado a um uso particularís-simo da linguagem, em que a erudição faz uso constante de coloquialismos, até os mais abusados. É de imaginar que um público habituado aos romances do Século XIX, ou com seus fortes enredos ou com a construção de caracteres bem estruturados, não se sentisse atraído por uma literatura que não contava história (a não ser rapidamente, como quem passa de táxi pela cidade), uma cena aqui, outra adiante, nem criava aquelas personagens empáticas com que estava acostumado.
Eis, suponho, por enquanto, como entendo o abandono em que vive um escritor que foi de grande importância para nossas letras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças