sexta-feira, 31 de julho de 2015

CONTOS CORRENTES


João Anzanello Carrascoza é natural de Cravinhos-SP. Escritor e professor universitário, estreou com o livro Hotel Solidão (1994), Prêmio do Concurso Nacional de Contos do Paraná. Recebeu também o prêmio Jabuti (CBL), Radio France Internationale (RFI), Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Publicou os romances Caderno de um ausente e Aos 7 e aos 40 e várias coletâneas de contos, como O volume do silêncio, Amores mínimos e Aquela água toda.





METÁFORA

João Anzanello Carrascoza

 O escritor estava faminto e exausto de tanto caminhar, quando viu uma árvore carregada de metáforas. Arrastou-se vagarosamente até ela e, ao se acercar de sua copa, constatou, por entre o rendado da folhagem, que as metáforas, vermelhinhas, pendiam só nos galhos mais altos. Juntou umas pedras e tentou derrubá-las. Inúteis foram suas tentativas. Sentou-se, então, à sombra da árvore, mirou as frutas maduras e disse: estão verdes. No entanto, como moscas voejavam sobre uma metáfora podre, caída a seus pés, o escritor a pegou e a comeu vorazmente, lambuzando-se, até atingir  – com a língua e os dentes – seu caroço.





Um comentário:

  1. Entendo que o escritor esta' exausto e faminto, mas fico curiosa em saber se ha' ocasioes em que o escritor quer ou pode esperar as metaforas amadurecerem.

    ResponderExcluir

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças