João Anzanello Carrascoza é natural de Cravinhos-SP. Escritor e
professor universitário, estreou com o livro Hotel Solidão (1994), Prêmio do
Concurso Nacional de Contos do Paraná. Recebeu também o prêmio Jabuti (CBL),
Radio France Internationale (RFI), Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e Associação Paulista de Críticos
de Arte (APCA). Publicou os romances Caderno de um ausente e Aos 7 e aos 40 e
várias coletâneas de contos, como O volume do silêncio, Amores mínimos e Aquela
água toda.
METÁFORA
João Anzanello Carrascoza
O escritor estava faminto e exausto de tanto caminhar, quando
viu uma árvore carregada de metáforas. Arrastou-se vagarosamente até ela e, ao
se acercar de sua copa, constatou, por entre o rendado da folhagem, que as
metáforas, vermelhinhas, pendiam só nos galhos mais altos. Juntou umas pedras e
tentou derrubá-las. Inúteis foram suas tentativas. Sentou-se, então, à sombra
da árvore, mirou as frutas maduras e disse: estão
verdes. No entanto, como moscas voejavam sobre uma metáfora podre, caída a
seus pés, o escritor a pegou e a comeu vorazmente, lambuzando-se, até
atingir – com a língua e os dentes – seu
caroço.
Entendo que o escritor esta' exausto e faminto, mas fico curiosa em saber se ha' ocasioes em que o escritor quer ou pode esperar as metaforas amadurecerem.
ResponderExcluir