sexta-feira, 29 de julho de 2016

CONTOS CORRENTES

(conto de Carlos Bueno Guedes*)
                                                                                              
perdi a direção, já repouso os olhos sobre o nada, sabendo que todas as cores me faltarão, as palavras ficam escapadas, preparadas para ingressar no espaço em que somente a escuridão é capaz de evocar, nada tenho no rebuscar da memória, deste tempo que escapou, vou fingindo todas minhas formas, fujo do
limite da matemática, linhas geométricas dançam numa prosa silenciosa, aprendi a recuar na do destino, revelar-me numa pauta de imprecisas linhas, tateio a pele de uma ansiosa palavra que ficará para sempre esquecida e invalidada de expressão e vou cultivando esta inércia de prolongar-me ansiosamente nesta tentativa de compreender a imensidão de tudo que me rodeia tão vagamente, todas os escritas perderão seu encontro marcado com o entendimento e a palavra repousará sobre uma noite perdida de sonhos e fantasias, de olhos cegos enfeitarei com galhos secos os precipícios de meus pensamentos, darei um escondido dizer para uma dama de véu e vestido negro em escondidas misérias, ignorarei o destino que movem as palavras esculpidas de um antigo desejo de desnudamento, serei do espantalho da carne o encontro de sumos ou bolor, aquelas que brotam nos cantos das paredes e ficam isoladas no fundo do mais pensado… será possível dentro de todos desenganos este reencontro com o pulsar da vida ? Não sei a resposta desta longa viagem para o silêncio afogado desta noite sem destino em que a agua-viva invadirá a dimensão de meu tempo e de meu corpo !
* O autor, Carlos Bueno Guedes, desenvolve intensa
atividade cultural em Jacareí-SP. 

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