(conto de Carlos Bueno Guedes*)
perdi a direção, já repouso os olhos sobre o nada, sabendo
que todas as cores me faltarão, as palavras ficam escapadas, preparadas para
ingressar no espaço em que somente a escuridão é capaz de evocar, nada tenho no
rebuscar da memória, deste tempo que escapou, vou fingindo todas minhas formas,
fujo do
limite da matemática, linhas geométricas dançam numa prosa
silenciosa, aprendi a recuar na do destino, revelar-me numa pauta de imprecisas
linhas, tateio a pele de uma ansiosa palavra que ficará para sempre esquecida e
invalidada de expressão e vou cultivando esta inércia de prolongar-me
ansiosamente nesta tentativa de compreender a imensidão de tudo que me rodeia
tão vagamente, todas os escritas perderão seu encontro marcado com o
entendimento e a palavra repousará sobre uma noite perdida de sonhos e
fantasias, de olhos cegos enfeitarei com galhos secos os precipícios de meus
pensamentos, darei um escondido dizer para uma dama de véu e vestido negro em
escondidas misérias, ignorarei o destino que movem as palavras esculpidas de um
antigo desejo de desnudamento, serei do espantalho da carne o encontro de sumos
ou bolor, aquelas que brotam nos cantos das paredes e ficam isoladas no fundo
do mais pensado… será possível dentro de todos desenganos este reencontro com o
pulsar da vida ? Não sei a resposta desta longa viagem para o silêncio afogado
desta noite sem destino em que a agua-viva invadirá a dimensão de meu tempo e
de meu corpo !
* O autor, Carlos Bueno Guedes, desenvolve intensa
atividade cultural em Jacareí-SP.
Genial!
ResponderExcluirComo sempre, letras e palavras viram ARTE na mãos de um gênio!
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