sábado, 9 de setembro de 2017

MOTIVOS

Nesta coluna, Menalton Braff revela aos leitores o que o levou a escrever cada um de seus livros. O título de hoje é a novela infantil Gambito, editada pela Edições SM.

Gambito

Gambito é fruto de minha mais antiga motivação. Era ali pelos meus nove anos, em Campo dos Quevedos, município de São Lourenço do Sul, onde meu pai era professor. Como havia muito tempo de sobra, meu irmão e eu gostávamos de sair pelos campos e matos caçando, brincando, divertindo-nos.

Naquela tarde, resolvemos pescar num arroio conhecido nas propriedades da família Timm, ou Blank (já não me lembro) em cujo armazém fazíamos geralmente as compras a casa. Nos fundos de um campo que se iniciava abaixo do pomar, passava aquele córrego que conhecíamos cruzando a estrada.

Pescamos, comemos peixe na beira da água, corremos no meio das pedras que faziam o leito do córrego. Surpresos vimos um filhote de saracura descendo o córrego. Levado para casa e preso numa
gaiola feita com varas de bambu, o filhote passou a noite chorando, literalmente chorando porque seu pio prolongado que ficava mais agudo no final não tinha diferença de um choro.

Era madrugada ainda quando pedi que meu irmão me acompanhasse. Não suportaria mais uma noite com aquele filhote chorando daquele jeito. Devolvê-la a seu habitat foi a glória. Me senti uma pessoa boa e essa sensação é das melhores que se possa ter.

O nome dado ao bicho é lógico: gambito, cambota, gamba, são todas palavras que significam perna, mas usamos o termo gambito geralmente para designar pernas finas. O caso da saracura.

Nunca mais consegui esquecer aquele incidente, uma lição que aprendi com a
experiência.

Em 2005 a Edições SM publicou o livro.

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