segunda-feira, 13 de agosto de 2018

CARTAS DO INTERIOR

A dois mil e quatrocentos quilômetros


Estou chegando do Maranhão, mais especificamente de Bacabal, onde participei do II CONIL (Congresso Internacional de Letras). O congresso é uma promoção da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), e ocorreu no Campus 3, na cidade de Bacabal.

Bem, mas vocês devem ter percebido pelo sufixo que se trata de uma boa extensão em que se cultiva a bacaba. Se perceberam, vocês têm faro para língua porque é isso mesmo. O problema é saber que raio é isso de bacaba. Pois lá, em Bacabal, fiquei sabendo, pela voz dos amigos, que na região a bacaba não existe mais. É uma palmeira que produz uma fruta semelhante ao açaí, só que um pouco maior.

Algumas coisas me impressionaram nessa viagem. Uma delas foi descobrir que os manuais de geografia estão errados, pois dão o Maranhão como Nordeste. Pelo menos duzentos e poucos quilômetros de São Luís, sentido sul, o estado é uma extensa planície, com rios e lagoas, árvores de uma variedade muito grande, um terreno úmido, um verde muito verde. O Maranhão, para a minha crença, é Norte, é amazônico.

Nessa planície (poucas e pequenas elevações) outra surpresa. A região está coberta por milhões e milhões de palmeiras. Uma palmeira diferente do coqueiro, tão familiar no Sul. As folhas centrais não pendem querendo olhar o solo. Elas erguem-se para o céu, formando uma imagem que lembra um galo de rinha. Palmeira, sim, mas orgulhosa de sê-lo (esse selo foi brabo). Milhões e milhões de fustes muito altos encimados por aquelas penas de galo bravo. Uma beleza.


Claro, não ficaria satisfeito sem saber o que era aquilo que cobria campos e campos, em toda a extensão margeando a estrada. Ah, sim, de São Luís a Bacabal são no mínimo quatro horas de carro. Então fiquei sabendo: a palmeira era a minha velha conhecida dos livros, o babaçu. E o babaçu é que alimenta milhares de famílias. As quebradeiras de coco são muito comuns na região. Do coco extrai-se um óleo de múltipla utilização: culinária, indústria de cosméticos, fins medicinais, e atualmente pesquisa-se seu emprego como biocombustível. Além disso, sua fibra também serve para fabricação de objetos domésticos e de seu estipe saem peças de artesanato, material para construção de casas, enfim, uma imensa riqueza da região.

Outra surpresa: a região desenvolve uma pecuária respeitável. Os campos, além de abrigarem o babaçu, exibem uma grande quantidade de fazendas dedicadas à pecuária, com pastagens imensas.

Bem, mas e o II CONIL? Foi sensacional, com estudantes e professores de vários estados, mesas interessantes, simpósios, com uma infinidade de comunicações, um formigueiro humano. Participei de um minicurso e de uma mesa (A criação literária na contemporaneidade).

E agora, em casa, a saudade do Maranhão.

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