
Para que serve um ombudsman
Não conheço a teoria do ombudsman, se é que ela existe. O que conheço, e
muito bem, é minha experiência pessoal toda vez que tento me socorrer dessa
coisa esdrúxula, que, na minha opinião, só serve para que uma empresa se apresente
como sendo moderninha porque pensa, acima de tudo (de tudo, entenderam bem?),
no cliente. Só. E para mais nada.
Algumas pessoas têm o péssimo hábito de fazer julgamentos apressados, por
isso já estou ouvindo uns resmungos em que sou acusado de radical. Então
preciso continuar explicando meu pensamento. E isso com o auxílio de fatos.
Andei tendo problemas (muito sérios, aliás) com a banda larga. Vocês não
imaginam como a inteligência dos meus dedos (que entendem muito mais de
datilografia do que eu) que depois da letra “b” próxima passada puseram outra
vogal. Como sou de família séria e não quero ser sua degeneração, tive de
voltar e corrigir o que estava escrito.
Pois bem, depois de passar dez dias ligando para aquelas vozes que sabem
o manual de cor, mas mentem tudo que dizem, porque o manual nunca dá as
respostas satisfatórias, inventei de me
queixar para um ombudsman. Quem disse
que consegui? Ele, o ombudsman, é tão fantasma quanto essas vozinhas que servem
de pára-choque para a empresa a que servem.
Tenho alguns amigos com mais sorte do que eu. Corrijo: a maioria de meus
amigos têm mais sorte do que eu. Sem querer plagiar o Álvaro de Campos
(Pessoa), não conheço ninguém que tenha levado porrada. Só eu, que nesta vida
apanhei muito mais do que bati. Pois um desses amigos sortudos me contou que um
dia conseguiu falar com um ombudsman. E me relatou sua experiência.
O ombudsman, contou-me o amigo, tem uma voz que não é mole não, uma voz
daquelas de levar qualquer mulher séria, porém incauta, pra cama. Veludo puro,
mas com potência bem equilibrada. Ah, sim, e sabe falar. Tem uma fluência, uma
pureza de raciocínios, ele tem um modo especial de te fazer pensar que está
vendo aberta a porta do céu. Isso tudo foi opinião do meu amigo.
Quando você desliga o telefone e sente-se nos braços de Cristo,
aconchegado a seu peito, toda sua aspereza, brabeza, insatisfação somem
milagrosamente.
Só alguns dias depois, com os ouvidos retornando a suas funções diárias,
e com seu problema, miseravelmente, sem solução, é que você vai pensar:
Caramba, mas então pra que serve um ombudsman?
Você, que é muito novo, talvez não conheça a expressão “sem cuspe”.
Ah, agora me lembrei: por isso tudo foi que passei para outro sistema,
outro fornecedor e hoje me sinto muito mais feliz.
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