PEQUENA CONTRIBUIÇÃO
(Wagner Coriolano)
Uma pequena contribuição para aumentar nossa paixão pela literatura. Assim escreve Sérgio Farina de próprio punho no Estatuto poético (1996), meu exemplar marcado desde o pórtico com sua letra e na confirmação da dedicatória impressa “aos meus alunos”. De 1997, data do autógrafo, a 2007, data do lançamento do Prêmio Literário Sérgio Farina, nosso campo de estudos expandiu suas fronteiras, mas a lição do amigo permanece com força e atualidade.
Nas cinco primeiras páginas, o Estatuto poético dá uma imagem do que foi o exercício do magistério de uma vida. Nesse sentido, vale a pena observar que se trata de uma proposta de leitura analítica e interpretativa, conforme destaca o autor no subtítulo do livro. Leitura do texto antes, durante e depois da aula, visto que o texto literário nos leva além de si mesmo. Nessa introdução, Farina questiona o ensino da literatura, a fim de abrir horizontes de investigação, bem como de buscar a essência pela crítica, enriquecendo a obra com os múltiplos sentidos que a atualidade acrescenta ao tecido ficcional, seja em verso, seja em prosa.
O trabalho com a arte, na proposta do estatuto, acompanha o interesse didático. Cabe ao professor investigar um método que satisfaça a visibilidade da mensagem da obra literária, de preferência com a participação do leitor. Para tanto, após examinar as posições teóricas e o leque de opções de ensino, afirma que o conhecimento da literatura se faz via experiência e importa verificar os rumos da teoria literária aplicada aos textos escolhidos.
Dentre as metas contidas no ABC de Farina, duas disparam na frente: como ler o texto poético e como produzir sentidos. No coração dessas perguntas, encontram-se o reconhecimento da consciência de finitude humana, da necessidade de um ato interpretativo perante a escritura e, ainda, do fato de que o leitor não tem o sentido original ou verdadeiro das palavras. Como leitor privilegiado, ele dizia que no mais recôndito passado, há o mito, canal com o mistério que somos.
As etapas de seu método abarcam quatro procedimentos relacionados à obra literária. Em primeiro lugar, a procura por tudo o que envolve o tempo em que a obra foi escrita; segundo, o exame do texto a partir das noções de teoria da literatura; terceiro, o exercício da leitura extensiva através dos códigos de sentido e, por último, o ensaio de uma leitura profunda que visa estabelecer o signo texto. Em contato com as idéias de Sérgio Farina, podemos aprimorar a tarefa de docência da literatura.
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