quinta-feira, 14 de maio de 2020

CRÍTICA LITERÁRIA

Esta coluna reúne críticas literárias de Wagner Coriolano de Abreu, publicados originalmente no livro SEMPRE AOS PARES, lançado pela Carta Editora.

PEQUENA CONTRIBUIÇÃO

(Wagner Coriolano)

Uma pequena contribuição para aumentar nossa paixão pela literatura. Assim escreve Sérgio Farina de próprio punho no Estatuto poético (1996), meu exemplar marcado desde o pórtico com sua letra e na confirmação da dedicatória impressa “aos meus alunos”. De 1997, data do autógrafo, a 2007, data do lançamento do Prêmio Literário Sérgio Farina, nosso campo de estudos expandiu suas fronteiras, mas a lição do amigo permanece com força e atualidade.

Nas cinco primeiras páginas, o Estatuto poético dá uma imagem do que foi o exercício do magistério de uma vida. Nesse sentido, vale a pena observar que se trata de uma proposta de leitura analítica e interpretativa, conforme destaca o autor no subtítulo do livro. Leitura do texto antes, durante e depois da aula, visto que o texto literário nos leva além de si mesmo. Nessa introdução, Farina questiona o ensino da literatura, a fim de abrir horizontes de investigação, bem como de buscar a essência pela crítica, enriquecendo a obra com os múltiplos sentidos que a atualidade acrescenta ao tecido ficcional, seja em verso, seja em prosa.

O trabalho com a arte, na proposta do estatuto, acompanha o interesse didático. Cabe ao professor investigar um método que satisfaça a visibilidade da mensagem da obra literária, de preferência com a participação do leitor. Para tanto, após examinar as posições teóricas e o leque de opções de ensino, afirma que o conhecimento da literatura se faz via experiência e importa verificar os rumos da teoria literária aplicada aos textos escolhidos.

Dentre as metas contidas no ABC de Farina, duas disparam na frente: como ler o texto poético e como produzir sentidos. No coração dessas perguntas, encontram-se o reconhecimento da consciência de finitude humana, da necessidade de um ato interpretativo perante a escritura e, ainda, do fato de que o leitor não tem o sentido original ou verdadeiro das palavras. Como leitor privilegiado, ele dizia que no mais recôndito passado, há o mito, canal com o mistério que somos.

As etapas de seu método abarcam quatro procedimentos relacionados à obra literária. Em primeiro lugar, a procura por tudo o que envolve o tempo em que a obra foi escrita; segundo, o exame do texto a partir das noções de teoria da literatura; terceiro, o exercício da leitura extensiva através dos códigos de sentido e, por último, o ensaio de uma leitura profunda que visa estabelecer o signo texto. Em contato com as idéias de Sérgio Farina, podemos aprimorar a tarefa de docência da literatura.

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