Esta coluna reúne críticas literárias de Wagner Coriolano de Abreu, publicados originalmente no livro SEMPRE AOS PARES, lançado pela Carta Editora.
UMA AMOSTRA DA LITERATURA CATALÃ
(Wagner Coriolano)12 Poetas Catalães: seleção, apresentação e notas de Josep Domènech Ponsatí. O livro reúne parte da poesia que se fez na Catalunya, dos anos sessenta aos nossos dias. Dos doze poetas, o mais novo é Jordi Cornudella, nascido em 1962. O mais velho é de 1942, Narcís Comadira, natural da cidade de Girona. Comadira também comparece no livro com a pintura que gerou a ilustração, em preto e branco, reproduzida na capa.
Além dos poemas selecionados por Josep Domènech, e traduzidos em parceria com Ronald Polito (São Paulo: Lumme Editor, 2006), o volume traz uma apresentação bastante elucidativa sobre a situa-
ção dos estudos da poesia catalã, acompanhada de juízo crítico para cada um dos poetas, e acrescenta, ao final, uma síntese biobibliográfica, com referência às edições que serviram para a transcrição dos poemas, em edição bilíngüe.
A Catalunya representa um dos governos autônomos na Espanha, cuja circunscrição enquanto país europeu abrange Valência, Aragão, Navarra, Províncias Bascas, Castela Velha, Castela Nova, Extremadura, Murcia, Andaluzia, Galícia, Astúrias e Leão. Fora da fronteira, no Mediterrâneo, o país tem a posse das Ilhas Baleares. A maioria dos poetas escolhidos tem naturalidade catalã, de cidades
próximas de Barcelona, embora haja no grupo dois que são de outras partes de Espanha: Enric Sòria (1958), de Oliva, localizada na Valência, e Andreu Vidal (1959-1998), de Palma de Mallorca, uma das Ilhas Baleares.
Mesmo de posse desta geografia, ainda permanece a pergunta sobre a origem do poeta. Vários poemas colocam o leitor no centro do debate do fazer poético, quando lidam com a descoberta da palavra. Comadira considera que o “poema, como o edifício, como o quadro, como uma peixada, começa e acaba nele mesmo, no seu próprio sistema de proporções e ressonâncias; segundo o seu projeto será a sua projeção, segundo a sua ascendência a sua transcendência”.
Constante na literatura catalã, as manifestações psíquicas do desejo revelam a sintonia dos poetas com a tradição e com os desafios do verso na atualidade. Enric Sòria, juntando elementos de dois
campos de sua atuação, a história e a poesia, nos revela uma sintonia lapidar com esse movimento: Mètode (A Eduard Verger)/ “Perquè el poema siga/ tan sobri com convé,/ cal beure fora mida./ Perquè siga tan pur/ com és llegut, cal fer/ uns altres sacrificis,/ més obscurs./ Puc dir que és uma llàstima”. [Método/ Para que o poema seja/ tão sóbrio como convém,/ é preciso encher a cara./ Para que seja tão puro/ como é lícito, é preciso fazer/ uns outros sacrifícios,/ mais obscuros./ Posso
dizer que é uma lástima.].
A poesia catalã se revela uma ótima via de acesso ao riquíssimo patrimônio cultural e humano da Catalunya, terra de Gaudí, das festas populares e da autonomia política.
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