terça-feira, 9 de junho de 2020

CRÍTICA LITERÁRIA

Esta semana, excepcionalmente, estamos publicando a Crítica Literária na terça e não na quinta como de costume.

Esta coluna reúne críticas literárias de Wagner Coriolano de Abreu, publicados originalmente no livro SEMPRE AOS PARES, lançado pela Carta Editora.

UMA AMOSTRA DA LITERATURA CATALÃ

(Wagner Coriolano)

12 Poetas Catalães: seleção, apresentação e notas de Josep Domènech Ponsatí. O livro reúne parte da poesia que se fez na Catalunya, dos anos sessenta aos nossos dias. Dos doze poetas, o mais novo é Jordi Cornudella, nascido em 1962. O mais velho é de 1942, Narcís Comadira, natural da cidade de Girona. Comadira também comparece no livro com a pintura que gerou a ilustração, em preto e branco, reproduzida na capa.

Além dos poemas selecionados por Josep Domènech, e traduzidos em parceria com Ronald Polito (São Paulo: Lumme Editor, 2006), o volume traz uma apresentação bastante elucidativa sobre a situa-
ção dos estudos da poesia catalã, acompanhada de juízo crítico para cada um dos poetas, e acrescenta, ao final, uma síntese biobibliográfica, com referência às edições que serviram para a transcrição dos poemas, em edição bilíngüe.

A Catalunya representa um dos governos autônomos na Espanha, cuja circunscrição enquanto país europeu abrange Valência, Aragão, Navarra, Províncias Bascas, Castela Velha, Castela Nova, Extremadura, Murcia, Andaluzia, Galícia, Astúrias e Leão. Fora da fronteira, no Mediterrâneo, o país tem a posse das Ilhas Baleares. A maioria dos poetas escolhidos tem naturalidade catalã, de cidades
próximas de Barcelona, embora haja no grupo dois que são de outras partes de Espanha: Enric Sòria (1958), de Oliva, localizada na Valência, e Andreu Vidal (1959-1998), de Palma de Mallorca, uma das Ilhas Baleares.

Mesmo de posse desta geografia, ainda permanece a pergunta sobre a origem do poeta. Vários poemas colocam o leitor no centro do debate do fazer poético, quando lidam com a descoberta da palavra. Comadira considera que o “poema, como o edifício, como o quadro, como uma peixada, começa e acaba nele mesmo, no seu próprio sistema de proporções e ressonâncias; segundo o seu projeto será a sua projeção, segundo a sua ascendência a sua transcendência”.

Constante na literatura catalã, as manifestações psíquicas do desejo revelam a sintonia dos poetas com a tradição e com os desafios do verso na atualidade. Enric Sòria, juntando elementos de dois
campos de sua atuação, a história e a poesia, nos revela uma sintonia lapidar com esse movimento: Mètode (A Eduard Verger)/ “Perquè el poema siga/ tan sobri com convé,/ cal beure fora mida./ Perquè siga tan pur/ com és llegut, cal fer/ uns altres sacrificis,/ més obscurs./ Puc dir que és uma llàstima”. [Método/ Para que o poema seja/ tão sóbrio como convém,/ é preciso encher a cara./ Para que seja tão puro/ como é lícito, é preciso fazer/ uns outros sacrifícios,/ mais obscuros./ Posso
dizer que é uma lástima.].

A poesia catalã se revela uma ótima via de acesso ao riquíssimo patrimônio cultural e humano da Catalunya, terra de Gaudí, das festas populares e da autonomia política.


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