segunda-feira, 9 de novembro de 2020

CARTAS DO INTERIOR

Esta coluna reúne crônicas de Menalton Braff. 

Negócio de eleição


Me criei ouvindo dizer que a eleição dos mandantes de uma nação está na base da democracia. Hoje me parece que “eleição” e “democracia” são palavras tão genéricas que perdem muito de seu significado. Eleição de que modo? Democracia para quem?

Mas dando de barato os possíveis questionamentos a respeito desses dois conceitos, vamos aceitar que eleição é um processo virtuoso em que o cidadão transfere a outrem seus direitos civis, escolhendo, portanto, quem deverá gerir a coisa pública, claro, em seu nome. Portanto, os governantes só o são por delegação nossa, os cidadãos.

Ótimo. Para isso funcionar criaram-se instituições que se encarreguem da fiscalização de todo o processo. Há uns anos, na Bolívia, houve uma eleição em que o Presidente foi acusado de fraudar os resultados. Que instituição colaborou para a queda do Presidente? Ora, a OEA, Organização dos Estados Americanos. E o Evo Morales teve de se asilar no México, depois na Argentina, enquanto uma madama se autoproclamava presidente do país. Depois de algumas investigações, a OEA descobriu que não tinha havido fraude nenhuma, mas a fulana continuou na cadeira do presidente.

É legítima a ação e o poder da OEA? Bem, os Estados Unidos, um de seus membros, juram que sim, que a instituição serve pra isso.

Antes mesmo de começarem as eleições nos Estados Unidos da América, um dos candidatos, e atual presidente, declarou que se fosse derrotado é porque teria havido fraude nas eleições.

Então pergunto da minha humilde condição de cidadão de outro país membro da OEA, agora que o Trump perdeu as eleições para o Biden, a OEA promoverá uma intervenção nos Estados Unidos, botando no poder alguém de seu agrado? Só rindo, ante tanta hipocrisia!

Outra coisa é o sistema eleitoral lá deles. Vagas notícias de que ao se tornar independente o país, escolhendo o modo republicano de governar, os maiorais, que não soltam a rapadura de jeito nenhum, optaram por criar um colegiado de poderosos para que essa elite não eleita escolhesse um presidente. Só mais tarde, com a exigência popular de participação no processo de escolha, foi que criaram o sistema atual em que o povo vota mas são os grandes eleitores, herdeiros daquele primeiro colegiado de membros da elite, que vão escolher. O Trump já tinha avisado que ou se elegia ou apelaria para ser eleito pelo Supremo lá deles. E o Trump representa os grandes consórcios, a elite econômica do país, empresário que é, bem-sucedido, mas que nunca pagou Imposto de Renda.

Minha opinião: é tudo uma grande farsa, só falta uma lona encobrindo o país todo, 'a maior democracia do mundo'.

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