Todo mundo
A cem metros da orla da mata, ouvindo o cantar de uma cachoeira, me bateu a vontade de registrar umas reflexões que vinha fazendo ontem antes de dormir mergulhado em um silêncio refrescante. Como a televisão procura conformar as opiniões e o gosto das pessoas para então tirar algum proveito disso. Infelizmente a grande maioria da população não tem como distinguir a mentira da verdade que lhes é apresentada.
Dias antes de março vi num canal de televisão alguém (um jornalista que é apenas a voz do patrão, como é comum atualmente) afirmando que os brasileiros gostam de carnaval. Ora, se o dito jornalista tivesse passado mesmo que de leve pelo Aristóteles, pelo menos enrubesceria ao fazer tal afirmação, porque “os brasileiros” é um universo, e, nesse sentido em que ele usou a expressão, eu não caibo.
“Os brasileiros” corresponde a “todos os brasileiros” e se não caibo nesse universo, a afirmação orna-se uma mentira. Vocês, quero dizer, os que dominam as técnicas da leitura, já leram ou ainda podem ler o mais simples e conhecido dos silogismos do Estagirita: Todo homem é mortal, Sócrates é homem, logo, Sócrates é mortal. Se um dos sujeitos da proposição e apenas um estiver fora do universo (todo), o silogismo não fecha. Portanto “os brasileiros” correspondendo a “todos os brasileiros” é pura empulhação. O correto seria dizer “alguns brasileiros” ou coisa que lhe corresponda.
As pousadas aqui do interior de São Paulo, e me corrijo, algumas delas, aquelas a que tive acesso, estão sem mais vagas para quem quiser fugir do carnaval. Aliás, na minha opinião, uma festa em decadência. Não há mais o que liberar se durante o ano inteiro a maioria das pessoas já está