terça-feira, 27 de março de 2012

A INVENÇÃO DE MOREL (18)

O FUGITIVO ESPIONA OS INTRUSOS

Pág. 69 - "Contarei fielmente os fatos que presenciei entre ontem à tarde e a manhã de hoje, fatos inverossímeis, que foi sem trabalho que a realidade terá produzido... (...)... a situação que estou vivendo não é a que creio viver."

O fugitivo começa a se dar conta de que existem dois planos.

Pág. 70 - "... surpreendi Morel espiando, escondido numa janela. Morel desceu a escadaria. Eu não estava longe e pude ouvi-lo.

- Não quis falar na frente das pessoas. Vou lhe propor uma coisa, a você e a alguns outros.
- Proponha.
- Aqui, não - disse Morel, olhando, com desconfiança, para as árvores. - Esta noite. Quando todos se recolherem, fique."
Pág. 71 - "Outro barbudo grisalho, gordo, que ainda não mencionei neste diário, surgiu na escadaria, olhou ao longe, ao redor."
(...)
"- ... e se eu lhe dissesse que todos os seus atos e as suas palavras estão registrados?
- Não me incomodaria."

A forma narrativa encontrada pelo fugitivo foi o diário e isso por uma razão muito forte: encontrar o diári9o depois de tudo consumado era a única maneira de o mundo tomar conhecimento do que acontecia na ilha.

"Saíram, então, homens e criados carregando cadeiras de vime, que colocaram à sombra de uma árvore de fruta-pão, grande e enferma..."
"Faustine dirigiu-se para as rochas. Incomoda gostar tanto desta mulher (e é ridículo: nunca nos falamos)."
"Segui-a de longe; vi-a pousar a sacola numa rocha, estender a manta; ficar imóvel, contemplando o mar ou a tarde, impondo-lhes a sua calma."

O tempo, pode-se observar, é alinear, ou, pelo menos, indeterminável, com cenas que se repetem, sem nunca se saber se a repetição é da cena ou apenas do discurso narrativo.

Pág. 72 - "poderia ajoelhar-me, confessar-lhe a minha paixão, a minha vida. Não fiz nada disso. Não me pareceu hábil."
(...)
Pág. 73 - "Quando o mais fraco dos dois sóis se pôs, Faustine levantou-se novamente. Segui-a... corri, ajoelhei-me e disse-lhe, quase gritando:
- Faustine, amo-a."
(...)
"Morel dizia que precisava falar-lhe. Faustine respondeu:
- Bem, vamos até o museu (isto eu ouvi claramente).
Discutiram. Morel opunha-se:
Quero aproveitar esta ocasião... fora do museu e dos olhares dos nossos amigos."
"Quando os vi entrar no museu, pensei que devia preparar alguma coisa para comer, de modo a me sentir bem toda a noite e poder vigiar.

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