O ANO PASSADO EM MARIENBAD
Esta semana revi o filme O ano passado em Marienbad, do diretor francês Alain Resnais, um dos fundadores da Nouvelle Vague. Revi depois de vários anos, mas principalmente depois de ler A invenção de Morel, do escritor argentino Adolfo Bioy Casares. E revi movido pela insistência com que muita gente é capaz de jurar que o livro deu a matéria para o filme. Nem os fatos, tampouco o clima, do filme podem ter-se originado do romance. A suntuosidade do espaço não corresponde àquele descrito pelo escritor argentino, as situações são inteiramente outras.
No filme, que trabalha com a memória, há um casal (ele solteiro, ela casada) que interage o tempo todo, o homem tentando provocar a memória da mulher sobre um encontro que tiveram no ano anterior. No romance, há um homem (o fugitivo) que contempla uma mulher, ela, sem o perceber, contempla o mar. Jamais trocam qualquer palavra.