terça-feira, 20 de março de 2012

POESIA INFANTIL


Dona flauta

A flauta, cheia de si,                                      
aguarda o sinal da batuta.                   
É sua estréia na orquestra,                  
mas não treme nem tem medo,
sabe de cor a melodia.

O maestro pisca um olho
e o silêncio é instantâneo:
todos de olho na flauta.

Enche o peito e solta a voz.
Cochichado, bem baixinho,
como exige a partitura: pianíssimo.
Fió-fóóó fió-fóóó fió-fóóó!
Baixinho que mal se ouve.
Sozinha.

Enquanto descansa e toma fôlego,
seu filho flautim canta uma frase só - 
agudinha fri-fri-fri,
gritinho de doer no ouvido.
E a flauta já refeita recomeça:
fió-fóóó fió-fóóó!

De repente não está mais só.
De trás vem uma voz rouca:
pó-pó-pó pó-pó-pó pó-pó-pó-po-ró
E ela reconhece a voz
de seu compadre fagote.

Em seguida, (que beleza!)
aquela  voz de veludo:
é sua vizinha clarineta -
muito doce, quase triste.

Então entram as cordas,
uma atrás da outra:
viola, violino, contrabaixo e violoncelo
todos juntos a cantar.
Ninguém mais fica de fora:
a tuba, o oboé e o tímbale
a trompa,  o trombone e o trompete

Cada qual no seu lugar,
até o momento final.
Orgulhosa de seu papel,
a flauta lambe os lábios feliz
e recebe sorridente
a parte que lhe cabe
de todos aqueles aplausos.

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