terça-feira, 29 de maio de 2012

O VALOR DAS PALAVRAS

Um pelotão de soldados franceses está cercado pelas tropas de Wellington, numericamente muito superiores. É a rendição ou a morte.
O oficial comandante inglês apela para que os franceses se rendam;

"- Bravos franceses, rendam-se!
Cambronne respondeu:
- Merda!
(...)
                                                             
Dizer aquela palavra e morrer em seguida! Há coisa mais sublime? Pois desejá-lo é morrer; e não teve culpa esse homem, se sobreviveu às balas.
            (...)

Procura então uma palavra como quem procura uma espada, acode-lhe a escuma aos lábios, e essa escuma é a palavra. Aquela vitória prodigiosa e medíocre, aquela vitória sem vitorioso, encontra diante de si aquele desesperado, que sofre as conseqüências da sua enormidade, mas que testemunha o nada dela; ele faz mais do que escarrar-lhe; acabrunhado pelo número, pela força e pela matéria, acha na alma uma expressão, o excremento. Repetimos, dizer aquilo, fazer aquilo, achar aquilo, é ser o vencedor.

(Fragmento de Os miseráveis, de Victor Hugo) 

Um comentário:

  1. victor Hugo tira , para mim, o estigma da palavra, quem sabe a use agora,com menos pudor.

    ResponderExcluir

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças