![]() |
WITTGENSTEIN |
Págs. 32 e 33 - "Não obstante a mutabilidade diacrónica e sincrónica do conceito de literatura, que obriga a adoptar como cientificamente correcta uma atitude teórica de relacionismo e de relativismo históricos, pensamos que as variações históricas e sócio-culturais do conceito, mesmo em épocas de profundas transformações estruturais da sociedade e da cultura, não afectam radicalmente a persistência e a estabilidade de alguns valores que têm de ser considerados como próprios da literatura. Para corroborar esta hipótese, basta olhar e ver o seguinte, como aconselharia Wittgenstein: se a uma obra parenética ou a uma obra historiográfica pode ser reconhecido e atribuído, ou não, um estatuto literário, em função do
condicionalismo histórico-cultural da comunidade em que são produzidas e à qual se destinam imediatamente, não há notícia de que, ao longo da história, alguma vez se tenha negado o estatuto literário, por exemplo, da Eneida de Virgílio, do Canzionere de Petrarca, de Os Lusíadas de Camões ou do Hamlet de Shakespeare (o que não significa que estas obras tenham sido sempre unanimemente avaliadas como 'excelente' ou 'genial literatura', nem significa que estas obras não sejam passíveis de ser lidas e utilizadas como textos não-literários). Como reconhece Stefan Morawski em relação à definição da obra de arte, a atitude teoreticamente correcta parece ser a de um relativismo histórico mitigado que tem sempre em conta o condicionamento histórico-cultural, mas que não exclui a existência de certas regularidades fundamentais ou de certos factores invariantes."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças