sexta-feira, 15 de junho de 2012

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA

Apesar do título um tanto pomposo, o que ora iniciamos são anotações fragmentárias de um livro considerado fundamental para os estudos literários: Teoria da Literatura, de René Wellek e Austin Warren.

Logo no prefácio, os autores declaram:  Os autores deste livro, que se conheceram na Universidade de Iowa em 1939, imediatamente se aperceberam da sua ampla concordância em questões de teoria e metodologia literárias.
Embora de procedência e formação diferenrtes, ambos haviam seguidfo idêntica loinha de desenvolvimento, ultrapassando a investigação histórica e o trabalho na "história das ideias" até atingirem uma posição segundo a qual o estudo da literatura deve ser especificamente literário. Ambos acreditavam em que a "erudição" e o "criticismo" eram compatíveis; ambos se recusavam a distinguir entre literatura "contemporânea" e literatura do passado.

LITERATURA E ESTUDO DA LITERATURA

Devemos começar por estabelecer uma distinção entre literatura e estudo da literatura. Trata-se de duas actividades distintas: uma é criadora, uma arte; a outra, embora não precisamente uma ciência, é no entanto uma modalidade do conhecer ou do aprender. Têm-se verificado, evidentemente, tentativas para obliterar esta distinção. Já se alegou, por exemplo, que uma pessoa não conseguirá compreender a literatura senão escrevendo-a; que não poderíamos nem deveríamos estudar Pope sem primeiramente tentarmos compor dísticos heróicos, nem um drama isabelino sem antes termos escrito um drama em verso não rimado. Todavia, por muito útil que a experiência adquirida na criação literária seja para o estudioso, a tarefa deste é completamente diferente. Deve é transpor para termos intelectuais a sua experiência da literatura, assimilá-la num esquema coerente, o qual, para constituir conhecimento, tem de ser racional. Pode ser verdade que a matéria do seu estudo seja irracional ou, pelo menos, contenha elementos fortemente não racionais; mas o estudioso não ficará por isso em posição diferente da do historiador da pintura, ou do musicólogo, ou mesmo do sociólogo ou do anatomista.

(continua)

Um comentário:

  1. Sim, Menalton. Sinto uma diferença grande quando escrevo artigos ou ensaios filosóficos e quando escrevo ficção. Embora a matéria prima seja a mesma, como no caso de um pedreiro e um escultor, são dois registros distintos, quase que dois idiomas.

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