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Minha pressa lembrou-me de uma história contada pelo
Adamastor, meu escudeiro importado do Sul da África e que já teve boas relações
com o Luís. Qual Luís? Ora, ora, aquele Vaz de Camões, que registrou a historio
do Adamastor em “Os Lusíadas”. Voltando ao Adamastor, ele me contou que um
amigo seu, texano daqueles de chapéu, foi visitar a Inglaterra. Não muito longe
de Londres conheceu um castelo e ficou deslumbrado. O palácio, impondo-se aos
prédios menores, o parque, com seus gramados e jardins imensos, tudo era
perfeito.
De volta ao Texas, depois de ter conversado longamente com o dono do castelo, durante um chã ao ar livre, contratou um arquiteto e um agrônomo e os mandou para a Europa. Copiassem tudo, até os mínimos detalhes.
Suas ordens foram cumpridas, e o texano reproduziu nos EUA o
castelo que conhecera no velho mundo. Até a inclinação da colina, suas
ondulações, tudo foi copiado.
Passado um ano, o texano ligou para o dono do castelo,
queixando-se de que não ficara tudo igual. O europeu perguntou se ele seguira
os projetos do arquiteto e ele respondeu que sim, os prédios estavam
praticamente iguais. Até mais bonitos, orgulhou-se, porque de pintura nova. Mas
a grama, lamentou-se, a grama é que não tem jeito. Seu anfitrião do ano
anterior perguntou se mandara fazer tudo conforme fora recomendado. Sim, tudo.
Plantou a grama, como eu disse?, perguntou o britânico. Sim, plantei, com o
adubo importado de sua cidade.
Pois bem, respondeu-lhe o amigo britânico, agora irrigue
todos os dias durante duzentos anos, e seu gramado vai ficar igualzinho ao meu.
Em geral somos imediatistas como esse texano, não é mesmo?
Os chineses (e falemos de chineses enquanto não forem
transformados nos vilões da vez) têm um ditado sobre a pressa: não se faz a
árvore crescer, puxando-lhe o caule.
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