segunda-feira, 30 de julho de 2012

NO MEIO DO MATO



A cerca de cem metros desta cachoeira, nos hospedamos. A pousada é cercada por mato virgem, campos e um pouco mais longe, laranjais e cafezais. Era preciso descansar e foi lá que nos refugiamos.

Descansar não é uma verdade absoluta. A Roseli precisava terminar uma monografia para uma das disciplinas do doutorado (estudos literários - Unesp de Araraquara), coisa que em casa não estava conseguindo. Muita ocupação e outro tanto de distração.
Quanto a mim, contudo, fui sem compromisso
algum. Livre para jogar pra dentro aquele mato todo. Levei o notebook, claro, e acabei escrevendo 3 capítulos do romance em que venho trabalhando. Mas isso não era uma obrigação, era o prazer. Também li vários contos dos originais da Vanessa Maranha, que levei num pen drive. Mas não tinha horário, não cumpria rotina, fazia apenas o que me dava vontade de fazer.
Nosso dia, na Roccaporena, começava com o canto triste, mas triste mesmo, das seriemas, que nem eram do Mato Grosso, e manhãzinha estavam a uns vinte metros da nossa janela. Um pouco mais tarde, as seriemas percorrendo um campo ocupado por pequeno rebanho de gado, levei um susto, certa ocasião, quando vi um bando de passaros pousar numa ladeira bem próxima da pousada. Eram pardos e comiam alguma coisa da relva onde estavam sempre andando, de vez em quando, assustados, batendo em retirada. Minha surpresa foi descobrir entre os mais de trinta passarinhos, uns cinco ou seis amarelos. O bando todo era de canários da terra. Os pardos, aquela multidão, eram os filhotes já em tamanho de adultos.
À noite frazia bastante frio: era jantar e se fechar no quarto.
A Roseli propôs que se gravasse aquele silêncio para trazer e tocar aqui em casa. Acabamos esquecendo.

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