quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O CASARÃO NO ARTISTAS E ARTES

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O casarão da rua do Rosário

Novo livro de Menalton Braff a ser lançado na Bienal, em agosto, pela Bertrand Brasil

O escritor Menalton Braff, prêmio Jabuti, lançará seu décimo nono livro na Bienal do Livro de São Paulo, em agosto próximo, agora, pela editora Bertrand Brasil. O casarão da rua do Rosário é uma história de mais de 40 anos da vida de uma família, desde  antes da ditadura militar até a virada do milênio. O casarão e seus habitantes sofrem a ação do tempo. No universo interno, os conflitos e a angústia dos personagens se intensificam enquanto a paisagem urbana se transforma irremediavelmente do lado de fora, afetando a história das cinco irmãs que lá vivem.


Como diz o próprio autor, O casarão da rua do Rosário “é um romance em que se debatem passado, tradição, conservadorismo e o mundo novo, com novos conceitos que vêm surgindo. As figuras do romance são os membros de uma família agônica por seus preconceitos e as ideias novas que surgem mesmo no seu  interior.
Cinco irmãs, quatro solteironas representando a tradição e uma (viúva) rompendo com o passado são obrigadas a conviver no mesmo casarão. Um irmão vive do outro lado da cidade, casado e funcionário público; o outro, deficiente mental, vive entre plantas e animais e mora em uma edícula nos fundos da casa.
Como fundo, a história recente do Brasil, década de 1960 até 2000 e pouco. É um Brasil que se democratiza e se moderniza, para espanto e horror das irmãs solteironas. O maior baque moral sofrido pela matriarca da família é o dia em que descobre a construção de um edifício a menos de cem metros do casarão, até então isolado entre chácaras, curtindo o sossego rural nos limites da cidade.
O romance é narrado pelo filho da viúva, que tem como mirante uma viagem noturna de ônibus, de onde conta o passado da família. Estruturado em cinco partes, a narrativa tem em cada uma delas uma das personagens como eixo principal da história.”
Menalton Braff tem uma das obras mais importantes das letras brasileiras contemporâneas formada por oito romances, três volumes de contos, cinco livros juvenis e dois infantis. Entre os prêmios literários, além do Jabuti pelo livro do ano de 2000, com À sombra do cipreste, editora Palavra Mágica, foi finalista uma vez na Jornada de Passo Fundo, quatro vezes no Portugal Telecom, duas vezes no Jabuti, duas no Prêmio São Paulo de Literatura. Recebeu menção honrosa do Prêmio Casa de Las Américas, de Havana, Cuba, entre outros.
O escritor já lançou, pela Bertrand Brasil, A muralha de Adriano, em 2007, e A coleira no pescoço, em 2006. Seu último romance, O tapete de silêncio, foi publicado em 2011 pela Global Editora.
Gaúcho, natural de Taquara, reside em Serrana, interior de São Paulo, desde 1987. Menalton Braff é um escritor atuante, mantém relacionamento constante com seu público leitor através das redes sociais, de um grupo de leitura em Ribeirão Preto, participa de salões literários, feiras e bienais de livros em diversas localidades do País.

Escritor: Menalton Braff
Livro Romance: O casarão da rua do Rosário
Editora: Bertrand Brasil
Lançamento: Bienal de São Paulo, agosto de 2012.
Data: a confirmar

Orelha de Menalton Braff
José Castello

         A passagem do tempo permite, enfim, que a ficção _ grande máquina de fantasia _ se debruce sobre os anos sombrios do regime militar. Até recentemente, eles foram território exclusivo dos testemunhos _ como os de Fernando Gabeira, Alfredo Sirkis e Herbert Daniel. Agora, tomada a devida distância, Menalton Braff _ ele mesmo, no passado, uma vítima da perseguição política _ pode, já com o consolo dos dias, transformar a dor em criação.
         O romance guarda o ritmo lento e asfixiante que costuma definir o passado. Em nosso século de velocidade e luz, o passado é só uma imagem esmaecida e frágil, que a ficção, com seu poder de recriação, desenterra. A história da matriarca Benvinda Gouveia de Guimarães, austera e poderosa, e do sobrinho rebelde, Palmiro, sintetiza, de modo compacto, os mesmos dilemas e impasses que caracterizaram o período da ditadura. O pai, desaparecido político, é só uma sombra que os envolve. Abrigada por Benvinda, a mãe, pálida e bela, dá aulas particulares para sobreviver.
         À margem, circula a imagem fluida de Tio Ataulfo, sempre acompanhado por seu cão; um homem mais próximo da natureza do que da cultura e que, por isso, conserva um tanto de doçura. Tímido e obscuro, ele representa o estranho, em um mundo que valoriza a objetividade e a clareza. Na vida em família, sob a capa dos rituais pequeno-burgueses, lateja o rancor contra o progresso. A religião é só um dos elementos que encobre o choque com a modernidade.
         O romance de Braff faz uma viagem fiel ao passado recente brasileiro – respeitando seu estilo algo solene, sua doentia resignação e até mesmo sua imobilidade. Ao fundo, o sucesso da seleção de futebol na Copa de 1970 é só um manto que mal disfarça a agonia. A Palmiro resta o papel de investigador. Com a força da juventude, ele interroga um mundo que prefere o silêncio. Encarna, assim, a própria literatura, que é perplexidade e desafio, ali onde a realidade, temerosa, prefere permanecer imóvel. Neste romance, Menalton Braff exercita seu fascínio pelo passado, transformando-o em um instrumento de devassa do presente. 

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