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O casarão da rua do Rosário
Novo livro de Menalton Braff a ser lançado na Bienal, em agosto, pela
Bertrand Brasil
O
escritor Menalton Braff, prêmio Jabuti, lançará seu décimo nono livro na Bienal
do Livro de São Paulo, em agosto próximo, agora, pela editora Bertrand Brasil.
O casarão da rua do Rosário é uma história de mais de 40 anos da vida de uma
família, desde antes da ditadura militar
até a virada do milênio. O casarão e seus habitantes sofrem a ação do tempo. No
universo interno, os conflitos e a angústia dos personagens se intensificam
enquanto a paisagem urbana se transforma irremediavelmente do lado de fora, afetando
a história das cinco irmãs que lá vivem.
Como
diz o próprio autor, O casarão da rua do Rosário “é um romance em que se
debatem passado, tradição, conservadorismo e o mundo novo, com novos conceitos
que vêm surgindo. As figuras do romance são os membros de uma família agônica
por seus preconceitos e as ideias novas que surgem mesmo no seu interior.
Cinco
irmãs, quatro solteironas representando a tradição e uma (viúva) rompendo com o
passado são obrigadas a conviver no mesmo casarão. Um irmão vive do outro lado
da cidade, casado e funcionário público; o outro, deficiente mental, vive entre
plantas e animais e mora em uma edícula nos fundos da casa.
Como
fundo, a história recente do Brasil, década de 1960 até 2000 e pouco. É um
Brasil que se democratiza e se moderniza, para espanto e horror das irmãs
solteironas. O maior baque moral sofrido pela matriarca da família é o dia em
que descobre a construção de um edifício a menos de cem metros do casarão, até
então isolado entre chácaras, curtindo o sossego rural nos limites da cidade.
O
romance é narrado pelo filho da viúva, que tem como mirante uma viagem noturna
de ônibus, de onde conta o passado da família. Estruturado em cinco partes, a
narrativa tem em cada uma delas uma das personagens como eixo principal da
história.”
Menalton
Braff tem uma das obras mais importantes das letras brasileiras contemporâneas
formada por oito romances, três volumes de contos, cinco livros juvenis e dois
infantis. Entre os prêmios literários, além do Jabuti pelo livro do ano de
2000, com À sombra do cipreste, editora Palavra Mágica, foi finalista uma vez
na Jornada de Passo Fundo, quatro vezes no Portugal Telecom, duas vezes no
Jabuti, duas no Prêmio São Paulo de Literatura. Recebeu menção honrosa do
Prêmio Casa de Las Américas, de Havana, Cuba, entre outros.
O
escritor já lançou, pela Bertrand Brasil, A muralha de Adriano, em 2007, e A
coleira no pescoço, em 2006. Seu último romance, O tapete de silêncio, foi
publicado em 2011 pela Global Editora.
Gaúcho,
natural de Taquara, reside em Serrana, interior de São Paulo, desde 1987.
Menalton Braff é um escritor atuante, mantém relacionamento constante com seu
público leitor através das redes sociais, de um grupo de leitura em Ribeirão
Preto, participa de salões literários, feiras e bienais de livros em diversas
localidades do País.
Escritor:
Menalton Braff
Livro
Romance: O casarão da rua do Rosário
Editora:
Bertrand Brasil
Lançamento:
Bienal de São Paulo, agosto de 2012.
Data:
a confirmar
Orelha de Menalton Braff
José
Castello
A passagem do tempo permite, enfim,
que a ficção _ grande máquina de fantasia _ se debruce sobre os anos sombrios
do regime militar. Até recentemente, eles foram território exclusivo dos
testemunhos _ como os de Fernando Gabeira, Alfredo Sirkis e Herbert Daniel.
Agora, tomada a devida distância, Menalton Braff _ ele mesmo, no passado, uma
vítima da perseguição política _ pode, já com o consolo dos dias, transformar a
dor em criação.
O romance guarda o ritmo lento e
asfixiante que costuma definir o passado. Em nosso século de velocidade e luz,
o passado é só uma imagem esmaecida e frágil, que a ficção, com seu poder de
recriação, desenterra. A história da matriarca Benvinda Gouveia de Guimarães,
austera e poderosa, e do sobrinho rebelde, Palmiro, sintetiza, de modo
compacto, os mesmos dilemas e impasses que caracterizaram o período da
ditadura. O pai, desaparecido político, é só uma sombra que os envolve.
Abrigada por Benvinda, a mãe, pálida e bela, dá aulas particulares para
sobreviver.
À margem, circula a imagem fluida de
Tio Ataulfo, sempre acompanhado por seu cão; um homem mais próximo da natureza
do que da cultura e que, por isso, conserva um tanto de doçura. Tímido e
obscuro, ele representa o estranho, em um mundo que valoriza a objetividade e a
clareza. Na vida em família, sob a capa dos rituais pequeno-burgueses, lateja o
rancor contra o progresso. A religião é só um dos elementos que encobre o
choque com a modernidade.
O romance de Braff faz uma viagem fiel
ao passado recente brasileiro – respeitando seu estilo algo solene, sua doentia
resignação e até mesmo sua imobilidade. Ao fundo, o sucesso da seleção de
futebol na Copa de 1970 é só um manto que mal disfarça a agonia. A Palmiro
resta o papel de investigador. Com a força da juventude, ele interroga um mundo
que prefere o silêncio. Encarna, assim, a própria literatura, que é
perplexidade e desafio, ali onde a realidade, temerosa, prefere permanecer imóvel.
Neste romance, Menalton Braff exercita seu fascínio pelo passado,
transformando-o em um instrumento de devassa do presente.
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