sexta-feira, 14 de setembro de 2012

MENALTON ENTRE OS MELHORES COM MAIS DE 40


Os melhores escritores brasileiros com mais de 40 anos


Depois de muito nhém-nhém-nhém e blablablá sobre a edição da revista Granta que elegeu os 20 melhores escritores brasileiros com menos de 40 anos e a antologia “Geração Subzero” – cujo subtítulo é “20 autores congelados pela crítica mas adorados pelos leitores” -, achei que seria de bom tom mudar o foco geracional da discussão e levantar a bola para os escritores com mais de quarenta anos.
Mas, antes que alguém pergunte, é preciso deixar claro que nada tenho contra nenhuma das antologias. Muito pelo contrário: há, nas duas, autores que admiro bastante – alguns, na verdade, não pela literatura que fazem, mas pela carreira, pela história, pela postura que têm.
A ideia de fazer este texto veio primeiro como uma brincadeira. Algo meio “ah, vou fazer uma piadinha com essas polêmicas bobas”. Mas depois pensei: ué, não por que não levar a coisa um pouco a sério e fazer mesmo a MINHA lista?
A ênfase no “minha” é, claro, porque é uma lista pessoal, baseada em minhas leituras – e, em alguns casos, em leituras e indicações de amigos MEUS. Ou seja: é uma lista baseada em quem eu sou e no que vivi/li até aqui.
Ah, outra observação importante: como tanto “Granta” quanto “Geração Subzero” se concentraram em prosadores, seguirei o mesmo critério. Daqui a algum tempo, porém, penso em escrever algo envolvendo poesia aqui.
O perfil do “listante”, caso algum exigente acadêmico se pergunte, é de um homem de 29 anos escritor resenhista editor (da revista virtual de contos Outros Ares) e vendedor de livros residente em uma cidade do interior da Bahia que lê literatura a sério há cerca de 10 anos e que antes disso sempre leu muito mas mais revistas informativas e quadrinhos do que livros de ficção. A falta de pontuação foi, sim, proposital.
Dito isso, vamos lá. Aí vão alguns nomes de autores, com indicações de algumas obras e pequenos comentários justificando a presença de cada um deles na lista. A lista não tem uma ordem específica: fui listando os nomes à medida que eles apareciam em minha mente. E o tamanho dos textos nada tem a ver com a minha preferência por este ou aquele autor. Exemplo: gosto demais do primeiro autor listado, especialmente do livro dele que cito, mas escrevi pouco sobre ambos. Talvez inconscientemente, para que não fique parecendo puxação de saco.
Menalton Braff – “A coleira no pescoço”; esse livro, de contos, contém algumas pequenas obras-primas. E não há, nele, nenhum conto ruim. Não por acaso, foi finalista do prêmio Jabuti em 2007.
Ruy Espinheira Filho – “De paixões e de vampiros”; romance de formação brilhante – uma obra-prima, sem exagero -, “De paixões e de vampiros” é um livro ao mesmo tempo engraçado e delicado, uma obra singular, eu diria. Simplesmente sensacional, e pode ser lida tanto por adolescentes quanto por senhores e senhoras aposentados. Livraço.
Mayrant Gallo – “O inédito de Kafka”; Mayrant Gallo é um dos melhores contistas em atividade no Brasil. E um dos mais profícuos. Se o meio literário não se concentrasse tanto nas regiões sul e sudeste, certamente ele seria mais conhecido e mais lido. “O inédito de Kafka”, de 2003, marca sua estreia nacional, por uma editora com distribuição nacional.
Ronaldo Correia de Brito – “Livro dos homens”; Ronaldo estreou tarde nacionalmente, já depois dos seus 50 anos de idade – antes do volume de contos “Faca”, de 2003, só havia publicado “As noites e os dias”, também de contos, pela editora Bagaço, do Recife -, mas nos últimos anos vem publicando com boa regularidade, e acaba de lançar seu segundo romance, “Estive lá fora”. “Livro dos homens”, de 2005, é um belíssimo livro.
Jaime Prado Gouvêa – “O altar das montanhas de Minas”; como todo bom mineiro, Jaime Prado Gouvêa não é de muita badalação. Mas sua obra deveria ser muito badalada. Principalmente esse romance, outra obra-prima (expressão que já repeti várias vezes aqui, eu sei, mas isso acontece porque estou elencando apenas autores e obras de primeiríssima categoria). “O altar das montanhas” de Minas ganhou nova edição em 2010, portanto, não é difícil encontrá-lo em livrarias. Mais um livraço.
Luiz Vilela – “Perdição”; não li muita coisa de Vilela, apenas alguns contos isolados e a novela “Bóris e Dóris”, publicada em 2006 e escrita toda em forma de diálogo – algo muito difícil de ser executado, mas que o autor faz com maestria. “Perdição”, um romance, é sua obra mais recente, e está na minha fila de leituras.
Rubem Fonseca – “Feliz ano novo”; fazer uma lista dessas e não citar Rubem Fonseca seria um despropósito. Até quando não está em sua melhor fase o autor, mineiro – mais um! – de nascimento, mas que adotou o Rio de Janeiro como lar, acerta. É o caso de “O seminarista” e “Diário de um fescenino”. Em “Feliz ano novo” está o conto de que mais gosto do Zé Rubem: “Passeio noturno (parte I)”, uma obra-prima de nossa literatura.
Bernardo Carvalho – “O sol se põe em São Paulo”; de Bernardo li apenas o romance citado, e para mim já basta para colocá-lo nesta lista. Um livro belíssimo, “O sol se põe em São Paulo” está entre as obras que pretendo reler quando eu chegar na fase das releituras, lá pros meus cinquenta, sessenta anos. Na minha fila de próximas leituras está outro livro do autor, “O filho da mãe”, romance publicado em 2009.
Rubens Figueiredo – “Passageiro do fim do dia”; conhecia Rubens Figueiredo apenas pelo nome – por sua reputação como tradutor e por vez ou outra ver alguém resenhar um de seus livros. Porém, nunca me interessei em lê-lo. Isso até o dia em que minha “madrinha literária” me recomendou o romance citado, publicado em 2010. Comecei a lê-lo e logo entendi por que ele ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura de melhor livro do ano. É verdade que ainda não o terminei, mas já posso afirmar que é um grande livro.
Lygia Fagundes Telles – “Seminário dos ratos” e “Antes do baile verde”; o que dizer de uma autora que você leu em sua adolescência e cujos contos, passados mais de dez anos, não saem de sua cabeça? É essa a relação que tenho com a obra de Lygia Fagundes Telles. Não li seus romances, mas considero alguns de seus contos como obras-primas não apenas de nossa literatura, mas da literatura universal. São eles: “Natal na barca” e “Venha ver o pôr do sol” (que estão em “Antes do baile verde”), e “As formigas” (que está em “Seminário dos ratos”).
Flávio Moreira da Costa – “As armas e os barões”; conhecido como grande antologista, Flávio Moreira da Costa é também exímio contista e romancista, além de poeta. “As armas e os barões” é um romance de formação que se passa durante a ditadura. Apesar de um tanto experimental em sua execução, o autor não se perde nas inovações, não se preocupa demasiadamente com a forma, e isso dá ao livro um equilíbrio que poucas obras transgressoras possuem.
Antonio Carlos Viana – “Cine privê”; outro mestre do conto, Antonio Carlos Viana é do time de Jaime Prado Gouvêa e Luiz Vilela, e mantém a discrição e a humildade em altos níveis. Sua obra é de uma qualidade impressionante, o que o faz ser admirado por autores já consagrados, como Mayrant Gallo e Humberto Werneck (que não entrou nesta lista porque deixou de escrever ficção ainda jovem). Em “Cine privê” estão contos belíssimos, apesar de muitos deles serem um tanto cruéis.
Charles Kiefer – “Valsa para Bruno Stein”; único livro que li do autor, “Valsa para Bruno Stein” é um romance que impressiona por sua precisão. É uma excelente introdução para a obra de Kiefer, de quem tenho mais dois livros para ler, e é mais uma obra naquela minha lista de futuras releituras.
Luiz Antonio de Assis Brasil – “Música perdida”; mais um autor de quem li apenas um livro, mas cuja obra me marcou bastante. “Música perdida” é, também, uma obra-prima, e foi muito comentado na época de seu lançamento (2006). É outro autor que preciso ler mais.
Chico Buarque – “Leite derramado”; do nosso blue eyes eu havia lido apenas “Budapeste”, do qual não gostei – sou uma das três pessoas deste mundo que não gostou desse livro. Quando me foi dada a “missão” de resenhar “Leite derramado”, já comecei a me preparar para a avalanche de críticas que meu texto – negativo, eu supunha – receberia. Para a minha alegria, não precisei passar por nenhum perrengue: “Leite derramado” (2009) é um dos melhores romances brasileiros publicados de 2000 para cá, e de longe a melhor obra de Chico Buarque.
Carlos Heitor Cony – “Antes, o verão”; entre os anos de 2002 e 2003 li quatro romances do autor. Além do citado, li também “Pessach: a travessia”, “Tijolo de segurança” e “O piano e a orquestra”. Anos depois, li mais três romances, mas nenhum deles com a qualidade dos quatro lidos anteriormente. E o que mais ficou em minha memória foi mesmo “Antes, o verão”, que também está na minha lista de futuras releituras.
Bom, é isso. Alguns autores importantes deixaram de ser citados porque meu contato com a obra deles é muito pequeno ou não existe, como Sérgio Sant’Anna, Vilma Arêas e Hélio Pólvora. E também porque há muitos autores que sequer conheço. Portanto, fiquem livres para fazer suas indicações nos comentários.

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