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DADOS DO LIVRO
Título: Que enchente me carrega?
Editora: Palavra Mágica
Ano: 2.000
PREÇO: R$ 21,00 a R$ 28,00
ONDE ENCONTRAR:
Livraria Martins Fontes - Loja virtual
Livraria Saraiva - Loja virtual
Livraria Siciliano - Loja virtual
BREVES COMENTÁRIOS:
Por J. Martins, Rádio Joinville Cultural FM 02/12/2012
Por Cris Gutkoski – Zero Hora – 11/12/00
Por Rogério Pereira e Paulo Polzonoff Jr. – Rascunho – fev. 2001
ORELHA
Por Ignácio de Loyola Brandão
FRAGMENTO
"Volto pra mim, meu corpo macerado, as mãos cuja semelhança muitas vezes me assombra, os calos e cortes, e percebo que de nada adiantou suportar vendavais, porque os galhos secos e retorcidos deixaram há muito de florir na primavera. E se permanece de pé, o tronco nodoso, é que as raízes secas ainda não apodreceram.
Passo a mão pela testa − dedos ásperos, ferramentas − desmancho as rugas e afasto
os pensamentos de autocomiseração. Nem tudo acabou. Daqui a pouco chega dona Rosário me oferecendo os pés: Ficou divino, Firmino, o mais belo que já calcei. De joelhos em sua frente, vou novamente fruir de seu perfume, me enredar em sua voz. É isto, viver?
Não sei quanto tempo estive aqui parado, à espera, à espreita espiando, mas agora é ela, sim, a manhã que chega, finalmente. Esta claridade macia desenhando as frinchas da veneziana, passarinhos roucos limpando a garganta, a voz dura do verdureiro exercendo autoridade sobre seu pobre rocinante. É ela, sem dúvida. Já posso deixar a cama."
- Dados do livro
- Preço
- Onde encontrar
- Breves comentários
- Orelha
- Fragmento
DADOS DO LIVRO
Título: Que enchente me carrega?
Editora: Palavra Mágica
Ano: 2.000
PREÇO: R$ 21,00 a R$ 28,00
ONDE ENCONTRAR:
Livraria Martins Fontes - Loja virtual
Livraria Saraiva - Loja virtual
Livraria Siciliano - Loja virtual
BREVES COMENTÁRIOS:
Por J. Martins, Rádio Joinville Cultural FM 02/12/2012
"Li 'Que enchente me carrega?' de @Menalton_Braff. Vencedor do Jabuti 2000 de Contos, merece estar na lista dos melhores autores
brasileiros."
Por Cris Gutkoski – Zero Hora – 11/12/00
"O novo livro do escritor gaúcho Menalton Braff, Que Enchente
me Carrega?, injeta ânimo na literatura brasileira ainda carente de romances
que dignifiquem as sofridas transformações
urbanas dos últimos 15 ou 20 anos."
" 'Que Enchente me Carrega?' é um passeio, sem as
belas imagens de cartões postais, pela solidão e incerteza do homem. Firmino
não passa de um sapateiro, mas se diz artista. Não tem mais mulher. Bebe para
esquecer. Uma história banal que ganha a força que só a boa literatura é capaz
de proporcionar às histórias banais."
ORELHA
Por Ignácio de Loyola Brandão
"Menalton Braff é uma bênção. Admiro este homem raro
porque ele é uma estrela maior da literatura. Um escritor que escreve bem. Um
homem que mudou o eixo de sua vida, se internou no interior e ali produz sua
obra. Devo dizer, cria. Existir um escritor cuja preocupação é o texto, são as
histórias, os personagens, o estilo, redime o conceito de literatura.
Conquistar a crítica como Menalton conquistou. Ser falado e comentado.
Ganhar logo um prêmio como o Jabuti, quando tem gente que
escreve a vida inteira e nunca recebe; outros levam décadas para ganhar.
Continuar imune às tentações, enfiado em sua casca, não contaminado pelas
vaidades mundanas. Gente, se eu não tivese lido primeiro À sombra do cipreste,
e agora Que enchente me carrega? duvidaria que Menalton existisse. Existe. E
como escreve!"
"Volto pra mim, meu corpo macerado, as mãos cuja semelhança muitas vezes me assombra, os calos e cortes, e percebo que de nada adiantou suportar vendavais, porque os galhos secos e retorcidos deixaram há muito de florir na primavera. E se permanece de pé, o tronco nodoso, é que as raízes secas ainda não apodreceram.
Passo a mão pela testa − dedos ásperos, ferramentas − desmancho as rugas e afasto
os pensamentos de autocomiseração. Nem tudo acabou. Daqui a pouco chega dona Rosário me oferecendo os pés: Ficou divino, Firmino, o mais belo que já calcei. De joelhos em sua frente, vou novamente fruir de seu perfume, me enredar em sua voz. É isto, viver?
Não sei quanto tempo estive aqui parado, à espera, à espreita espiando, mas agora é ela, sim, a manhã que chega, finalmente. Esta claridade macia desenhando as frinchas da veneziana, passarinhos roucos limpando a garganta, a voz dura do verdureiro exercendo autoridade sobre seu pobre rocinante. É ela, sem dúvida. Já posso deixar a cama."
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