quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (41)

Vítor Manuel de Aguiar e Silva. Teoria da Literatura. 6ª ed. Livraria Almedina: Coimbra, 1984.

Depois de desenvolver a ideia dos sistemas modelizantes primário (a língua natural) e secundário (literatura, p.ex.), o autor afirma que o sistema modelizante secundário, sendo um código dentro do sistema modelizante primário, tem seus próprios códigos.
Na postagem de número 40, iniciamos a descrição desses códigos pelo fônico-rítmico. Continuando a descrição dos códigos:


Pág. 102 - "b) Código métrico - Este código regula a organização peculiar da forma da expressão dos textos poéticos - que consideramos, como adiante exporemos, um subconjunto dos textos literários -, quer no tocante à constituição do verso, quer no concernente à combinação e ao agrupamento dos versos em estrofes e noutras macroestruturas métricas do texto (forma da sextina, forma da canção, etc.). O código métrico, que selecciona 'os seus elementos relevantes entre os fenómenos relevantes da língua, embora nem todos estes se tornem relevantes sob o ponto de vista métrico', é condicionado imediata e fortemente pelo código fonológico do sistema modelizante primário - não é possível realizar o mesmo código métrico numa língua com acento dinâmico e numa língua com cronemático, por exemplo -, mas encontra-se também (pág. 103) em relação de interdependência com o código léxico-gramatical - a distribuição dos acentos exigida pelo modelo do verso pode impor, por exemplo, modificações importantes na estrutura frásica preceituada na norma linguística - e com o código semântico - a rima pode marcar ou sugerir uma relação semântica entre as unidades lingísticas que correlaciona, um icto pode sublinhar semanticamente um lexema, etc.
O código métrico, na sua génese, no seu desenvolvimento e na sua desagregação, está indissoluvelmente ligado ao código semântico-pragmático do policódigo literário e aos sistemas semióticos que configuram a ideologia de uma dada comunidade social, num determinado tempo histórico.

(CONTINUA)

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